1000 maravilhas x Terra Arrasada – o embate final

Flu estava com Diniz. Jogava bem, trocava muitos passes, dava 3.714 chutes a gol por jogo e…. perdia. Fez 15 jogos, acumulou 12 pontos, com três vitórias, três empates e doze derrotas. Saiu Diniz, Marcão assumiu e o time empatou contra o Corinthians pela Sula, jogando lá. Veio Oswaldo, o empate aqui (com gols) tirou o Flu da competição internacional. Na sequência a derrota para o Avaí em casa, a vitória contra o Fortaleza – com Muriel pegando tudo, derrota para o Palmeiras, Goiás, vitória contra Corinthians e empate diante do Santos. O time começou a jogar muito mal, perdido e sem vontade. Oswaldo cai e entra Marcão.

E veio a sequência boa. Invicta. Primeiro um 2 x 1 sobre os reservas do Grêmio. Depois 1 x 0 no Botafogo. Contra o desesperado Cruzeiro lá, um 0 x 0. Voltamos pro Rio e 2 x 0 no Bahia. Ufa, vamos colar no G6. Dos 11 pontos que o Flu fez no segundo turno, 10 foram com Marcão (a partir do jogo contra o Grêmio)

O Flu chegou aos 29 na tabela, teve chances de chegar a 11ª colocação (dependia de outros resultados também), mas tropeçou. Mas o cenário melhorou, e muito. Hoje precisamos de 5 vitórias em 12 jogos para chegarmos aos tão sonhados 44 pontos. Mais um empate pelo caminho, nesses outros 7 jogos, seria muito bem-vindo. Se eu acho bom isso? Claro que não. Quero um Flu brigando pelas primeiras posições.

Mas ontem o Flu conheceu sua primeira derrota com o novo comandante. Isso porque foi diante do atual campeão das Copas do Brasil e Sul-Americana (é o atual, pois ainda não terminou a competição desse ano). E o Flu poderia ter tido uma melhor sorte no jogo. Conseguiu dominar as ações, fez seu primeiro gol cedo, teve chances de ampliar. Mas sofreu com a qualidade do time adversário, que joga junto há muito tempo, soba a batuta de um mesmo comandante, que ontem completou 100 jogos à frente do time. Aí, tudo virou terra arrasada? Ao que parece, para alguns tricolores, sim. Mas, enxergo desse jeito:

Marcão mexeu mal no time, é bem verdade. Não só por ter tirado Nene (até penso que Nene tem 38 anos e vem jogando TODOS os jogos, e pode ter sido uma indicação da fisiologia), mas por tirar Daniel e ter apostado no retorno de Caio Henrique no meio. Claramente o jogador é 99% lateral e aquele 1% volante. Ponto, parágrafo e letra maiúscula. Quando foi deslocado para o meio, se via ele dando piques desesperados para marcar, pois não estava na posição certa para fazer a contenção. Outro ponto foi que tirar duas, das três peças, que correm na meiúca tricolor simplesmente matou o time. Ficamos reféns da correria de Yony, Wellington Nem e de João Pedro. Mas, como é o futebol, mesmo assim tivemos chances de empatar. Orinho na lateral? Penso que só quando Caio Henrique tiver impossibilitado de jogar.

Primeiro porque CH é muito mais jogador do que Orinho. E segundo, meu caro CH, esquece o meio de campo. Você se achou na lateral, é jogador de seleção por ali, e seu destino será o Real Madrid. E ficará por lá, substituirá Marcelo por uma década, até o futebol brasileiro produzir o próximo lateral que, por sua vez, será o seu substituto. Esquece o meio. O Flu tem o Yuri e o retorno de um Airton mais magro, que jogou muito bem diante do Bahia – pelo menos até cansar, que podem ajudar mais por ali do que você. Fica por ali, na lateral. Te vejo campeão do Mundo com a seleção, com a 6.

Sobre Ganso. Claro que ele se ressente ao ficar “sozinho” no meio. Quem espera que Ganso seja um meia que conduza a bola, drible três e entre na área, está sonhando com o Conca de outrora ou com o Thiago Neves de 2008. Ganso está muito mais para um Deco, pela forma de se posicionar em campo, do que para um meia corredor e driblador. Ele consegue fazer, ainda que passe a impressão de estar “andando” em campo, a bola correr e seus companheiros jogarem mais. Não é tão simples de se ver isso em campo, mas é necessário ao se analisar sua atuação.  Sobretudo porque a nossa torcida adora eleger um culpado quando a derrota acontece.

Agora, diante do Flamengo – que não se sabe ainda se vem ou não com força máxima – teremos a chance de mostrar que a mística do Fla x Flu transcende às posições na tabela, e que somos o “ai Jesus”, como diz o hino deles. Domingo o Flu terá nova chance de mostrar o futebol do início desse jogo, contra o CAP. E Marcão provar que entendeu que Ganso sozinho no meio fica sobrecarregado; que, querendo ou não, gostando ou não, Daniel é o motorzinho do time; e, por fim, que CH é lateral.

ST

Washington de Assis