A difícil missão de ser tricolor

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Ser tricolor não é uma questão de gosto ou opção, mas um acontecimento de fundo metafísico, um arranjo cósmico ao qual não se pode – e nem se deseja – fugir”.  Socorro-me a Nelson Rodrigues para abrir esse texto. Alias, cá onde estou, a segunda-feira está com a cara que deveria mesmo: cinzenta, chuvosa e completamente desanimadora aos que pretendiam produzir algo de útil hoje. Aos que precisam, o farão no “automático”; aos que se facultam, farão ou não. Hoje, tanto faz.

E essa segunda começa esquisita por conta do ocorrido de ontem a noite. O Fluminense de Oswaldo de Oliveira até que esteve em Goiânia, trocou de roupa e entrou no gramado. Mas a impressão que nos passaram é que esqueceram de jogar. Nada consegue justificar uma atuação tão apática, tão desorganizada e, ao mesmo tempo, nervosa. O time não conseguia produzir, mesmo com as orientações do nosso comandante: “Vamos lá, vamos lá!” para na sequência, na parada técnica, bradar aos demais: “Vamos lá! Vamos lá!”. E fomos. Fomos goleados pelo time que foi goleado em algumas oportunidades nesse campeonato. E, para coroar, sofremos mais um gol de Rafael Vaz, aquele zagueiro que todos tem uma opinião formada a respeito (geralmente não é boa). E agora? Como continuar acreditando nisso.

O Fluminense antes jogava bem e não merecia perder seus jogos. Ontem, perdeu com todos os méritos e merecimentos, no pleonasmo mesmo. A zaga se esforçou para deixar os atacantes a vontade; o meio de contenção não conseguia impedir as construções das jogadas; o meio criativo estava lento demais para levar perigo; e por fim, nosso ataque, bem… deixa pra lá.

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Com esse resultado, Oswaldo alcança 40% de aproveitamento no Brasileirão. Com 2 vitórias (Fortaleza e Corinthians) e 3 derrotas (Avaí, Palmeiras e Goiás), o treinador somou 6 pontos até aqui. Tá certo que ele fez metade dos pontos que Diniz conquistou no campeonato, com apenas 5 jogos. Mas está longe de transmitir qualquer confiança para o torcedor. O mais incrível era que, em caso de vitória, ele chegaria aos 60% de aproveitamento empatando o número de vitórias de seu antecessor, e colocando o Flu num pelotão acima. Pois é, não fizemos.

Agora, a missão da torcida vai ficar mais difícil ainda. Antes eram 11 vitótias em 22 jogos. Agora são 9 em 18. Tá certo que não piorou, pelo menos nesse aspecto. Mas acreditar que esse time, que se apresentou ontem, será capaz de vencer metade de suas partidas daqui para frente…

Oswaldo precisa ter coragem e mudar esse meio de campo. Ganso e Nenê só podem atuar juntos na parte final do jogo, quando os adversários estiverem mais desgastados. É duro, eu sei, mas é a realidade. Gilberto voltou mal depois da contusão e não consegue mais fazer grandes apresentações. Julião precisa reassumir a ala. Vamos torcer muito para que Luccas Claro retome seu condicionamento físico o quanto antes, nossa zaga precisa de uma oxigenação. Orinho precisa assumir essa ala canhota e liberar Caio para jogar no meio, com Allan.

Mas enquanto esses caras não chegam, é preciso montar o Flu com o que ele vinha tendo de melhor. E essa composição tinha Daniel ali no meio. Sei que ele não é grande unanimidade entre os tricolores, mas ele ero o único jogador que pegava a bola e girava para o ataque, dando rapidez e sequência nas jogadas. Entra com ele, no lugar de Nene, e depois põe o camisa 77. O Flu não tem transição de jogada; não tem jogada ensaiada; não tem jogada de ultrapassagem. Não temos nada de novo.

A missão da torcida está cada vez mais difícil. Contra o Santos, teremos um jogo muito parecido com os confrontos contra Palmeiras e Corinthians. Contra o primeiro, uma exposição sem fim e uma goleada. Já contra o segundo, um jogo mais fechado e uma bola santa. Os alvinegros da praia paulista deverão vir, querendo propôr o jogo desde o início, para se recuperarem da derrota, diante do Grêmio. Precisamos estudar eles e usar isso a nosso favor.

Wellington Nem estará à disposição – pelo menos é o que nos foi informado. Que seja titular no lugar do desmotivado Yony. E, Oswaldo, volte com o meio de campo que mais funcionou com Diniz e dê uma chance ao Daniel. Pode não ser um cracaço, mas dentre os jogadores do plantel, sem dúvidas, uma das melhores opções.

Para mim: Muriel, Julião, Nino, Frazan, Caio Henrique; Allan, Yuri, Ganso e Daniel; João Pedro e Wellington Nem.

Mas é para treinar com essa galera. Ensaiar jogadas, treinar ultrapassagens, contra-ataques, saída em velocidade, recomposição em blocos. Deixa que o “Vamos lá” a galera manda das arquibancadas!

Para finalizar, valho-me de duas frases de Nelson:

“Pode-se identificar um Tricolor entre milhares, entre milhões. Ele se distingue dos demais por uma irradiação específica e deslumbradora”.

”Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão”.

Uma missão difícil, sabemos. Mas quinta, às 20h, tem uma batalha no Maraca. O Flu precisa de sua torcida, mais do que nunca. Não é o treinador, presidente, diretor, esse ou aquele jogador. É o Flu que precisa de nós. E se somos Fluminense, precisamos nos ajudar, uns aos outros, para inflamar de novo a galera para comprar esse barulho. Quanto mais difícil for a missão, mais precisaremos nos unir.

ST e tentem ter uma boa semana!

Washington de Assis

FOTO: LUCAS MERÇON/ FLUMINENSE F.C.

 


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