Ah, o Carioca!

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Quando a temporada acaba no apito final do trigésimo oitavo jogo do Brasileirão, a cerveja do Torcedor é de consolo ou de comemoração. Às vezes, como acontece com certas torcidas, vem o sentimento de alívio por aquilo tudo (finalmente) ter acabado, uma felicidade louca por não ter acontecido o pior, misturada com um ódio por ter, mais uma vez, passado por isso.

A verdade é que, depois que seu time joga a ultima partida dele no ano, o Torcedor já tá falando por aí que “não aguento mais isso” e que “vou parar de ver futebol!”. Não dá pra ser diferente depois de um ano inteiro cultivando um senhor ranço.

E conforme os dias se passam, com toda a movimentação que é o final do ano, ele vai se esquecendo de todo aquele estresse. Sai pra beber com a galera e lembra só dos gols de bicicleta, “daquela vez que a gente caiu da cadeira”, da histeria que foi quando anunciaram aquele jogador, dos moleques da base que tão voando…

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E aí começa a bater aquela saudade platônica.

“Ah, falta pouco pro estadual”

Ele já sabe o dia do jogo, onde vai ser e a hora. O jogo é fora? Tudo bem, dá pra ver na televisão. Então seu time começa apresentando um futebol que não é lá grandes coisas, mas vence. O Torcedor já começa a sonhar com o jogo em casa, o reencontro de fato. Na estreia, ele vence e já joga melhor. No jogo seguinte vai lá e goleia o adversário.

Pronto, é como se fosse uma paixão à primeira vista! Ele esquece as promessas de abandono feitas há semanas e já traça aquelas caso venha a classificação ou o título, entra em contradição consigo mesmo e não dá a mínima. Já está procurando o calendário de jogos e vendo se dá pra ir num jogo fora. Toda aquela desconfiança nos reforços se transforma em faíscas de esperança na medida em que entram bem, dão assistências, fazem gol e beijam o escudo do seu time. Aquela paixão desgastada agora volta com força, e ainda mais forte.

Vou comprar camisa! Onde renova o sócio?

Fazendo planos e promessas; “esse ano vai ser diferente”!

Empolgado como quem redescobriu o amor depois de anos, o Torcedor apaixonado não vê defeitos e não faz críticas, afinal o time “ainda tá se ajeitando, não é o titular, não tá jogando aquilo tudo, mas tá vencendo”. E o resto não.

Paixão à primeira vista. Ah, o Carioca!

Esse torneio que ilude o mais cético. Que, se o seu time não ganha, não vale nada, mas que se é campeão, é o primeiro de muitos no ano! O campeonato com o maior índice de clubismo registrado no país (é verdade), aquele que proporciona o reencontro do Torcedor com seu time.

Quando ele se dá conta, tá revezando os canais da TV entre resenhas, se irritando com comentários de outros torcedores falando do seu time, discutindo no grupo de Whats App e garantindo que “esse ano a Sula é nossa”!

Como toda paixão, ela vai diminuindo, perdendo a intensidade, se desgastando. Aparecem os defeitos, os erros e os mínimos detalhes voltam a tirar o sono do Torcedor. Então, o que passa a sustentar aquela relação é o amor. O mais genuíno de todos. E é com esse amor que o Torcedor consegue, ano após ano, carregar nas costas o seu time. Mesmo com raiva e apesar de tudo. Pronto pra mais um ciclo, mais um ano, mais uma temporada.

Enfim, o resto desse romance eu não vou contar – porque não sou vidente.

Mas amanhã é guerra!

E você, já fez seu sócio?

ST

 


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