Análise Tática: Fluminense muda postura e conta com Gravatinha para virar Fla-Flu

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Após terminar 2020 com três jogos sem vencer, o Fluminense começou 2021 vencendo o Fla-Flu. A equipe comandada por Ailton Ferraz porque Marcão está com COVID19 teve uma apresentação ruim na primeira etapa. Mas, a mudança de postura em relação a marcação e o Gravatinha — histórico personagem criado por Nelson Rodrigues —, ajudaram na virada tricolor.

O Fluminense entrou no Fla-Flu com a equipe esboçada pelo técnico Marcão durante os treinos. Sem Nenê, que já estava barrado, mas que ficou de fora da relação por causa de uma gastroenterite, e Marcos Paulo.

Com um esquema 4-1-4-1. a comissão técnica tricolor pretendia congestionar o meio-campo para impedir a troca de passes vertical do Flamengo. Enquanto apostava nos contra-ataques com Michel Araújo e Wellington Silva abertos pelos lados. No entanto, não foi isso que se viu durante o primeiro tempo no Maracanã.

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As linhas de marcação muito recuadas convidaram o rival a pressionar o Flu. De acordo com dados do site Sofascore, o Fla teve 74% de posse de bola durante a primeira etapa. Além disso, ao contrário do que se poderia esperar, o Rubro-Negro teve também mais desarmes (sete contra apenas dois do Tricolor) e um número semelhante em cortes e interceptações.

A pressão constante leva as defesas a cometerem erros. Como, por exemplo, o que resultou o gol de Arrascaeta para abrir o placar.

Primeiro gol do Flamengo contra o Fluminense no Fla-Flu
O lance começa uma interceptação do chileno Mauricio Isla na saída de bola do próprio Fluminense. Éverton Ribeiro cruzou e Matheus Ferraz tirou uma bola que estava praticamente nas mãos de Marcos Felipe. Vale também destacar a movimentação em diagonal de Arrascaeta para cabecear na sequência do lance. O camisa 14 se movimentou por trás da defesa do Flu (Foto: Reprodução/GE)

Mudança de postura do Fluminense no Fla-Flu

Após um primeiro em que conseguiu finalizar apenas uma vez na direção da gol defendido por Hugo Souza, o Tricolor voltou à campo com as mesmas peças. No entanto, a postura mudou.

O Flu passou a exercer uma marcação mais alta, na saída de bola rubro-negra. A linha adiantada e o aumento no número de cortes serviu principalmente para afastar o ataque do Fla da área tricolor.

Na bola parada, um pontos fortes do Fluminense em 2020, o time chegou ao empate na cabeçada de Luccas Claro. Com o gol, o zagueiro-artilheiro chegou a cinco na temporada e se mantém como quarto entre os goleadores tricolores na temporada. Ficando atrás somente de Nenê, Evanilson e Marcos Paulo, respectivamente.

Gol do Fluminense no Fla-Flu
Antes da cabeçada de Luccas Claro, o zagueiro Matheus Ferraz se posicionou em impedimento. Entretanto, o camisa 3 não participa da jogada. O auxiliar Jorge Eduardo Bernardi chegou a anular o gol, mas o VAR corretamente validou (Foto: Reprodução/GE)

Após o gol, o Flu cresceu na partida. O Tricolor começou a roubar mais bolas no meio-campo e a ser mais perigoso nos contra-ataques. Enquanto esteve em campo, Fred também participou bastante do jogo. Da mesma forma que contra o São Paulo, o camisa 9 passou a atuar mais distante da área, fazendo pivô e acionando os companheiros.

Passe de Fred para Michel Araújo
Fred demonstrou toda a sua inteligência ao enxergar a projeção em diagonal do uruguaio Michel Araújo e tocar em profundida no espaço vazio em uma das melhores oportunidades do Fluminense na segunda etapa (Foto: Reprodução/GE)

Esta jogada, aliás, ilustra o tipo de jogo imaginado pela comissão técnica antes do Fluminense antes do Fla-Flu. Contudo, após uma linda jogada, com direito a três fintas, a bola do camisa 15 acertou caprichosamente a trave.

Gravatinha entre em cena

Ao longo da história, o cronista e tricolor Nelson Rodrigues imortalizou dois personagens distintos em suas crônicas. O Sobrenatural de Almeida surgia quando algo inexplicável causava um revés para o Flu. Por outro lado, o Gravatinha sempre surgia para salvar o Tricolor.

A figura do Gravatinha certamente ajudaria a explicar como um lateral experiente como Filipe Luís, aos 35 anos e jogador de Copa do Mundo, errou um passe de dois metros para Willian Arão. Entretanto, como dito no início, a pressão leva as defesas a cometerem erros.

Segundo gol do Fluminense no Fla-Flu
No momento do passe de Filipe Luís, o atacante Caio Paulista estava pressionando o lateral. A presença do camisa 70 tricolor ali impediu, por exemplo, que o camisa 6 rubro-negro pudesse virar e sair jogando como de costume (Foto: Reprodução/GE)

O gol de Yago Felipe coroou duas ideias praticadas pelo Fluminense no decorrer do Fla-Flu. A marcação adiantada e a infiltração dos meio-campistas. Em um time com tanta dificuldade para propor o jogo, como o Flu vinha apresentando, está pode ser uma lição valiosa para a reta final do Brasileirão. Para vencer o Flamengo, por exemplo, o Tricolor só precisou de 28% da posse de bola de bola.

ST


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.

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