Como os reforços do pacotão da Libertadores se encaixam no Fluminense

Compartilhe

Nesta semana, o Fluminense anunciou um pacotão de reforços para a disputa da Copa Libertadores da América. Manoel, Cazares e Abel Hernández já até visitaram o CT Carlos Castilho enquanto o clube ainda aguarda David Braz e Rául Bobadilla. Mas como os jogadores se encaixam na ideia de jogo de Roger Machado? O ST destrinchou o estilo, as características e os números de cada um dos atletas.

Em comum, as cinco contratações — assim como os já contratados Samuel Xavier e Wellington — chegam como oportunidades de mercado. Com exceção do argentino naturalizado paraguaio Raúl Bobadilla, os outros jogadores vieram sem custos para o clube.

Os reforços do Fluminense para a Libertadores trazem sobretudo mais experiência. Dos cinco, apenas Cazares ainda não passou da casa dos 30. A média de idade do elenco (contando com os jogadores do Sub-23 que começaram o Cariocão) então subiu de 23,6 para 24,3. Número que deve aumentar consideravelmente na lista de 30 jogadores a ser entregue até o dia 18 para a Conmebol.

Você conhece nosso canal no YoutubeClique e se inscreva! Siga também no Instagram

Os novos nomes também encorpam o elenco para a temporada 2021. Vale lembrar que, além da Libertadores, o Flu disputa o Campeonato Carioca e ainda vai ingressar na Copa do Brasil e no Brasileirão.

Por isso, os tricolores ainda vão ter muitas oportunidades para conhecer os novos contratados. Mas, antes, o Saudações analisou como cada um pode ser utilizado pelo técnico Roger Machado.

Manoel

Primeiro dos reforços a se apresentar, Manoel já está até treinando com o elenco. O zagueiro chega ao Flu após rescindir o contrato com o Cruzeiro e embora não tenha conseguido o retorno para a Série A do Campeonato Brasileiro, terminou como um dos principais destaques da Raposa na segunda divisão.

Manoel comemorando um dos gols pelo Cruzeiro
Manoel balançou as redes cinco vezes em 31 jogos pelo Cruzeiro na Série B (Foto: Reprodução/Cruzeiro Esporte Clube)

Os cinco gols — todos de cabeça —, fizeram do zagueiro o vice-artilheiro cruzeirense na competição. Assim como Luccas Claro, Manoel não tem uma grande estatura (1,82m), mas compensa com uma boa impulsão. O que pode ser de grande ajuda ainda mais porque o Fluminense tem na bola parada de Nenê uma das principais armas ofensivas.

O jogador também se destaca pelas bolas longas — uma das características que Roger Machado vem implementando no Fluminense. Foram, em média, 7,2 lançamentos por jogo e duas delas inclusive resultaram em assistências.

Defensivamente, o zagueiro — que costuma atuar pelo lado direito, o mesmo que Nino — se impõe através do vigor, tendo vencido 55% dos duelos no chão e 65% dos duelos no alto. No Cruzeiro, o defensor liderou na média de cortes com 3,4 por partida (para comparar entre os jogadores do Fluminense, a média é menor apenas que a de Nino, com 4,1, no último Brasileirão). Além de ter sido o terceiro com mais interceptações, com 1,4, e de ter salvado um gol em cima da linha.

Por fim, o jogador de 32 anos também recebeu muitos elogios pela liderança em campo, se tornando um dos pilares da equipe celeste.

David Braz

Enquanto Manoel costuma atuar pelo lado direito da zaga, David Braz atua mais pelo lado esquerdo — o mesmo que Luccas Claro — apesar de já ter mudado de acordo com a dupla, Geromel ou Kanemann.

David Braz em campo pelo Grêmio
David Braz disputou 21 partidas pelo Grêmio no Brasileirão 2020, sendo 15 como titular (Foto: Lucas Uebel/Getty Images)

O defensor chega principalmente para aumentar a estatura da linha de defesa tricolor. Com 1,87m, o ex-jogador gremista só não supera  Nino, com seus 1,91m. Além da altura, David Braz têm bons números na bola aérea. Pelo time de três cores do Rio Grande do Sul, no último Brasileirão, por exemplo, o zagueiro venceu 69% dos duelos que disputou pelo alto e marcou um gol de cabeça.

Mas o novo reforço do Fluminense — que ainda deve demorar a se apresentar porque testou positivo para a COVID19 — não se limite ao jogo aéreo. O zagueiro já provou tem qualidade na saída de bola (sendo o segundo na posição que mais trocava passes no Grêmio durante o Brasileirão 2020) e que pode arriscar chutes de fora da área como no golaço que marcou contra o Palmeiras em 2019.

Juan Cazares

Dos reforços do Fluminense para a Copa Libertadores, Cazares talvez seja de quem mais a torcida tricolor espera. Habilidoso, o equatoriano pode atuar tanto centralizado como um meia-armador ou segundo atacante no esquema 4-2-4 de Roger Machado, quanto aberto pelos lados.

Cazares em campo pelo Corinthians, meia um dos reforços do Fluminense para a Libertadore
Pelo Corinthians, Cazares disputou apenas 27 jogos e balançou as redes duas vezes (Foto: Reprodução/Sport Club Corinthians)

É verdade que o jogador de 29 anos — que já defendeu Independiente Del Valle e Barcelona Guayaquil, do Equador, River Plate e Banfield, da Argentina, além do Atlético-MG — não se firmou no Parque São Jorge e que o comportamento extracampo é frequentemente apontado como um problema. Mas se analisarmos os números, podemos perceber que o desempenho de Cazares esteve longe de ser ruim.

Mapa de calor de Juan Cazares no Corinthians
O mapa de calor mostra que Cazares se deslocou por todas as áreas do meio-campo, mas tem preferência pelo lado esquerdo —onde atua Lucca e onde Luiz Henrique jogou na vitória por 3 a 1 sobre o Nova Iguaçu (Foto: Reprodução/SofaScore)

O equatoriano contribuiu com cinco assistências no último Brasileirão. Se estivesse no Flu, ficaria empatado com Nenê em segundo e atrás apenas de Egídio, que deu sete passes para gol. Mas  à frente de Igor Julião e Marcos Paulo, que terminaram com três cada um. As seis grandes chances de gol criadas também chamam a atenção. Para comparar, por exemplo, no Tricolor, Nenê liderou com oito seguido por Fred e Marcos Paulo, com três cada um.

Contudo, a torcida certamente espera ver o Cazares de 2017, quando o jogador terminou o ano com nove gols e 16 assistências enquanto vestia a camisa do Atlético. O equatoriano inclusive chega com o aval de Roger Machado, com quem trabalhou no Galo no mesmo.

Raúl Bobadilla

Formado nas divisões do River Plate — um dos adversários no grupo do Fluminense na Libertadores — o argentino naturalizado paraguaio Raúl Bobadilla, junto com Abel Hernández, são os reforços com mais experiência internacional. O centroavante já jogou em clubes da Suíça, Grécia, Alemanha e Argentina antes de chegar ao Paraguai.

Bobadilla com a camisa do Guaraní, atacante é um dos reforços do Fluminense para a Libertadores
Pelo Guaraní, Bobadilla marcou 14 gols em 46 jogos (Foto: Reprodução/Club Guaraní)

Jogador que chama a atenção pelo físico avantajado, Bobadilla, aos 33 anos, tem fama de pressionar os zagueiros adversários. Com a bola nos pés, mostra qualidade e frieza nas finalizações, tanto com a perna direita quanto com a esquerda, e nas cobranças de faltas — algo que pode ser útil porque o Flu até então não tinha nenhum cobrador destro. O paraguaio já demonstrou ter recurso ao marcar, por exemplo, um gol de letra sobre o alemão Manüel Neuer enquanto defendia o Augsburg na Bundesliga.

Mas o “Tanque” — como ficou conhecido pela torcida aurinegra — está longe de ser um centroavante ‘paradão’. Capaz de atuar também como segundo atacante, Bobadilla se movimenta bastante. De acordo com a imprensa paraguaia, o jogador costuma sair da área para buscar o jogo e também procura companheiros mais bem colocados para dar assistências. Por isso, o atacante, que chega por empréstimo de um ano, pode servir como um substituto para Fred ao longo da temporada ou como um companheiro para o camisa 9 no sistema 4-2-4 de Roger Machado.

Em contrapartida, a torcida pode esperar um certo destempero por parte do goleador. No Torneio Apertura do ano passado, por exemplo, Bobadilla recebeu 14 cartões amarelos. Além disso, pegou um gancho de cinco jogos por tirar a roupa após fazer um gol no clássico contra o Libertad.

Abel Hernández

Por fim, o último dos reforços do Fluminense para a Libertadores a ser mencionado no texto é o uruguaio Abel Hernández. O centroavante chega ao CT Carlos Castilho após não se firmar no Internacional.

Abel Hernández comemorando um gol pelo Internacional em 2020, atacante está na mira do Fluminense
Pelo Inter, Abel balançou as redes seis vezes em 31 jogos. Um dos principais momentos com a camisa colorada inclusive foi o gol de empate na vitória por 2 a 1 de virada no Gre-Nal (Foto: Reprodução/Sport Club Internacional)

Com um estilo de homem de área clássico (apesar da velocidade), o centroavante, a princípio, chega para ser o reserva imediato de Fred. A diretoria considerava importante a chegada de um jogador mais experiente principalmente porque John Kennedy e Samuel ‘Granada’ ainda são muito jovens.

E Abel realmente tem muita experiência no currículo. O uruguaio defendeu o Palermo, da Itália, por seis temporadas. Depois, vestiu a camisa do Hull City, da Inglaterra, por mais quatro. Além disso, já disputou três Copas América, uma Olimpíada e uma Copa do Mundo pelo Uruguai.

Em sua melhor temporada até então, Abel marcou 22 gols em 45 partidas enquanto vestia a camisa do Hull City. Todavia, segundo o jornalista Matheus D’Avila, da BAND/RS, o jogador pode dar certo no Fluminense por causa do estilo de Roger Machado.

ST

Lucas Meireles


Compartilhe

Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.

8 thoughts on “Como os reforços do pacotão da Libertadores se encaixam no Fluminense

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *