Eis a questão: vencer ou vencer

Compartilhe

Próximo das 20h, vesti o manto tricolor como de costume e me instalei no sofá esperando o apito inicial. Começou o jogo e, com ele, um filme na minha cabeça. Ora de terror, ora épico, nunca um filme calmo, constante e tranquilo – e assim sofre o torcedor.  Tento voltar à realidade e trabalhar com as hipóteses, tentando sempre afastar a pior delas – dizem que pensar atrai e a essa altura do campeonato a gente se agarra em tudo que nos dá esperança. Não estou nos dando como derrotados, mas quem sou eu pra arriscar, né?

No primeiro tempo o Flu teve, de modo geral, o controle da partida, o que era obrigação diante do já abatido CSA, que vinha de 4 derrotas. Marcação alta, linha de zaga jogando no meio de campo, pressão na saída de bola. Fluminense vinha agressivo, viajou pra buscar os 3 pontos. Só a vitória nos interessa.

A primeira chance de gol é nossa, dos pés de Yuri para o Melhor-Lateral-Esquerdo-do-Brasil, que limpa a marcação e dá em Daniel, que desperdiça dentro da pequena área. Aquele filme insiste em passar, mas impeço.

Você conhece nosso canal no YoutubeClique e se inscreva! Siga também no Instagram

Sem muitas emoções, um breve resumo do primeiro tempo: o susto da falta de Allan (aquele pé na cara que só lhe rendeu um amarelo, mas quase me rendeu uma parada cardíaca) em Apodi, que com 32 anos deu uma canseira na nossa marcação; uma bola na trave do Ganso; finalizações fracas e no meio do gol – ninguém treina? 19 chutes, 7 no gol… era o Alisson agarrando pro CSA? – e, pra fechar, a grande defesa de Marcos Felipe, que ainda contou com a ajudinha da trave depois.

Pressão deles nos momentos finais da primeira etapa e o filme volta a passar. Cada passe errado atormenta, cada gol perdido desespera.

Juiz apita. Hora de esfriar a cabeça, tentar canalizar todas as forças internas e acreditar na vitória, a única opção.

Assim acontece: segundo tempo começa já com gol do colombiano mais amado do Brasil, Yony Gonzalez cabeceia pra abrir o placar da disputa. Ufa! 1 a 0 a gente. Gravatinha presente no Rei Pelé (futuro Rainha Marta).

E ai parece que baixou o espirito do Abel no Marcão, que recuou o time todo, colocou Airton (que engordou de novo) no lugar de Yuri, que vinha fazendo boa partida, mas estava amarelado e sentiu; colocou Nene e Pablo Dyego nos lugares de Daniel e Marcos Paulo – praticamente minando nossa chance de ampliar o placar, já que os dois eram os grandes responsáveis pela criação.

E a segunda etapa foi assim: Fluminense quis tomar pressão dos quase rebaixados e não conseguiu; Ganso perdeu um gol cara a cara em uma tentativa bizonha de encobrir Jordi; Caio Henrique perde outro gol na pequena área, chutando na rede de fora depois de bom passe do Nenê. Aliás, importante destacar a boa partida que fez o Digão, talvez a primeira depois da lesão.

Enfim, vencemos. É o que interessa. Nelson Rodrigues disse uma vez que “só existe um dilema: vencer ou vencer“*. Jogando bem ou mal, em campos bons ou ruins, não importa a circunstância. Diante de uma vitória, qualquer outro detalhe torna-se irrelevante. Mais 3 pontos na conta!

Avante meu Fluminense, quinta feira é guerra!

ST

*”(…) Tão pouco interessa a nova camisa. Como se sabe, o meu clube inaugurou uma camisa que é, sem favor, pavorosa. Mas vamos brigar por causa disso? Eis a verdade – as camisas horríveis também são filhas de Deus. E diante de uma vitória, qualquer problema estético torna-se de uma irrelevância total. Sim, para nós, em campo grande ou pequeno, com feia ou bela camisa, só existe um dilema: vencer ou vencer”  – Nelson rodrigues, “Eis a questão: vencer ou vencer”, 1966, Jornal dos Sports.


Compartilhe

5 thoughts on “Eis a questão: vencer ou vencer

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *