Fala, presidente! “Não vou reconstruir o Fluminense jogando para fora, e sim para dentro”

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O presidente Mário Bittencourt deu uma longa entrevista na tarde desta quinta-feira. O mandatário falou sobre o afastamento de Celso Barros, a garantia pela continuidade de Marcão, projeto clube-empresa, Caso Clayton (do Vasco), revitalização do Laranjal,  cotas de TV adiantadas, dívidas, planejamento para o ano que vem e um (bastante) a mais. Confira a entrevista completa:

Escolha por Marcão

“A gente escolher o cristo, seja o Marcão ou outro, seria uma injustiça. É um conjunto de fatores. O resultado se traduz por esse conjunto de fatores. No nosso caso, as enormes dificuldades que passamos há algum tempo. 2014 foi o último ano em que o Fluminense figurou entre os 10 primeiros do Brasileiro. Não me isento de responsabilidade, mas tem um momento de dificuldade. Optamos pelo Marcão porque vimos que ele estava aqui desde o início do trabalho. Trabalhou como auxiliar em gestões passadas. Estava aqui em 2014, 2015, 2016… Tem muitos anos de clube, se qualificou. Foi uma decisão do diretor executivo (Paulo Angioni). Nos primeiros jogos, teve um aproveitamento muito alto. Mas, como todos os clubes que passam por dificuldades, entramos em uma taxa de aproveitamento média do restante do campeonato. Mas, ainda é muito maior do que era. O Diniz, por exemplo, tinha um desempenho ótimo, mas não tinha resultado. O Marcão conseguiu recuperar algo do desempenho do Diniz, mas com mais resultados. O aproveitamento, agora, é de quem está em nono ou 10º na tabela. O aproveitamento subiu e está sendo melhor do que os concorrentes na linha do rebaixamento. Estou afirmando para vocês que ele vai até o final. Já disse para ele. E o motivo é a avaliação criteriosa que fazemos dentro do departamento. O resto é querer tumultuar o ambiente, que treinador foi oferecido, procuramos… Eu não trabalho para fora, trabalho para dentro. Não podemos politizar a nossa gestão. A política é até a data que termina a eleição. Depois, é gestão, para reconstruir um clube”.

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Dificuldade financeira

“A venda do Pedro era a vida ou a morte do Fluminense. Teríamos mais meses de salários atrasados, não pagaríamos o profut, o 13º continuaria atrasado. E vocês criticaram, com razão. Na época, eu não vendi o Pedro para o Flamengo, porque seria uma dor grande para o torcedor. Resisti naquele momento. Depois, com a venda, eu salvei o ano financeiro do Fluminense. Se não vende, não paga água, luz, plano de saúde… Não vou reconstruir o Fluminense jogando para fora, e sim para dentro. Se não a gente não vende, não teria nenhuma outra fonte de receita. Eu não tenho um real para receber de televisão. As fontes de receita são patrocinadores, ingressos, sócio futebol… E a venda de jogadores. Não tem outro caminho. Senão, deixo o clube com sete meses de atraso salarial”.

Afastamento de Celso Barros

“O que eu informei é que até o final do campeonato esse afastamento seguirá. No final do ano a gente conversa. Ele é vice-presidente eleito, isso é indiscutível. Dei as atribuições de vice de futebol, mas a partir de hoje estou assumindo. Seria também vice de futebol nessas últimas cinco rodadas. No final do ano, teremos uma conversa para saber como vai ser. Quando a gente optou pela saída do Fernando Diniz, o vice-geral me comunicou que queria tirar o treinador. Eu não concordava. Não era a minha intenção e nem a do diretor, mas era a do vice-presidente. Acabei, diante de uma grande conversa, me convencendo de que teria que fazer a mudança. Quando houve uma nova conversa e o vice-presidente se posicionou de tirar o treinador atual, disse que era contrário e não acataria essa decisão. O Celso buscou o caminho das redes sociais, expondo um debate interno, dando entrevistas… Não concordo com esse tipo de atitude. Diante disso, optei por afastar. A partir do momento em que o vice vai a redes sociais e à imprensa para passar a ideia de uma decisão autoritária, me senti exposto. Depois, outras postagens aconteceram, incluindo um grupo que o apoia. Postagens me atacando pessoalmente, com várias inverdades sobre a gestão”.

Caso Clayton

 “O procurador está esperando que os clubes se manifestem, sendo que o responsável pela denúncia é ele. Se o procurador sabe que existe uma notícia de possível infração, ele é o titular da infração. Como foi em 2013. Ele tem a prerrogativa de dizer que sim ou que não. Se qualquer outro clube fizer a notícia de infração, ele tem o poder de arquivar. Esses casos de inscrição de atleta são muito diferentes de escalação irregular, por exemplo. O STJD tem rejeitado esses casos, porque há muita confusão na hora da inscrição. Mas, não são os clubes que têm que se manifestar. Porque a inscrição é feita na CBF, e quem pede informações é o tribunal. Essa pergunta tem que ser feita ao procurador e ao juiz. Pelo que entendi da situação, é no mínimo controverso, mas caminha para que o Vasco esteja correto”.

2020

Dívidas
 “Nos primeiros cinco meses, já pagamos R$ 24 milhões em dívidas. Temos um montante de R$ 700 milhões, dos quais R$ 200 milhões não estão parcelados. Estamos conseguindo avançar, e faço um agradecimento ao meu vice-presidente jurídico. O Fluminense precisa disso nesse momento. A única maneira de salvar o clube é fazer essa gestão no dia a dia”.
Penhoras… como evitá-las?
“A gente faz uma gestão diária. Fizemos alguns acordos para que os pagamentos sejam feitos em muitas parcelas com valores pequenos. Mesmo assim, há dificuldade de pagar algumas vezes. Quando isso acontece, a gente liga para o credor e pede um pouco mais de paciência. Isso tem tido um resultado de 100%. Todos os nossos acordos estão send cumpridos desde que eu cheguei. Porque há essa comunicação com o credor. Assim, a gente vai se acertando. A gente ainda vai passar por muita dificuldade nesse sentido, por uns bons anos. Porque o volume de receitas é maior que o despesa operacional. O clube, inteiro, se paga. O futebol fatura mais do que ele gasta. Mas, o que come o nosso dinheiro é a dívida. Só da venda do Pedro, foram mais de R$ 7 milhões. Isso são duas folhas do futebol. Se não acontece isso, estaríamos com salário em dia”.
Clube-empresa
“Participei de toda a discussão. A gente não pode confundir a palavra empresa com gestão. Transformar em empresa não é salvação de ninguém. Porque empresa sem gestão também quebra. E existem clubes do Brasil que não são empresas e são bem geridos. Em que pese o faturamento muito maior do nosso rival, o presidente anterior fez um grande trabalho. Agora, os frutos estão sendo colhidos. Não dá para jogar fora todo o trabalho que o Bandeira de Mello fez lá atrás. Posso apostar que eles não vão se transformar em empresa. Porque esse projeto prevê uma possibilidade de abertura para capital estrangeiro. Ou seja, uma possibilidade de vender o clube para alguém. Só que aumenta a carga tributária de maneira proporcional. Vai aumentar de 5% para 15%. Mas eu já não consigo pagar todas as minhas dívidas. Se o Fluminense se transformar em empresa, morre no dia seguinte. Acho que os clubes de menor porte, que não têm torcida, vão se transformar rapidamente. Se não tiver dívida… São os clubes que mudam de nome, essas coisas. Os grandes, de grande torcida, 70% ou 80% deles não têm condições de se transformar em empresa.”
Cotas de TV adiantadas
“Vão ser descontados lá na frente, quando a gente voltar. Não conto mais porque tenho tudo retido. Se a gente receber uma receita, vender um jogador, recebo e abro fluxo. Tenho processos que penhora o dinheiro da Globo, mas se eu receber a grana por outro meio, pago, retiro a penhora e a Globo volta a me pagar. Se esse dinheiro diminuir, vamos nos enrolar mais ainda”.
Yoni
“Ele é um jogador de um profissionalismo muito legal. Tem o contrato encerrando, há especulações, mas continua com muito profissionalismo. É de poucas palavras, é mais fechado, mas muito sério. Joga pelo amor à profissão. Se dedica muito, como todos. E é muito transparente. Houve uma manifestação do Benfica, que nos mandou uma carta, mesmo não precisando, para dizer que iniciou uma conversa. Eu mostrei a carta a ele e ele confirmou que está conversando, mas não assinou. Ele não me falou da proposta, mas disse que está aberto para conversar. Não há 100% de definição”.
Allan, Caio Henrique, Nino e Daniel

“Allan e Caio são situações semelhantes. Emprestados por clubes de fora e sem opção de compra. Há conversas com representantes de atletas. Em São Paulo, por exemplo, conversei com o representante do Allan sobre possibilidade de outro empréstimo. O meu sentimento é que, se não chegar nenhuma proposta de compra, eles ficam conosco. Ambos manifestaram o desejo de permanecer. Gostam daqui, se sentem gratos ao clube, porque recuperaram o seu futebol aqui. É a mesma situação do Nino, que também quer ficar. Temos uma opção de compra por um valor significativo. Vamos iniciar a negociação”. O Daniel, foi feita uma proposta. Ele, inicialmente, achou interessante, mas ainda não nos deu uma posição definitiva”.

Samorín

“Eles nos informaram sobre uma possível dívida e pedi para olhar os formulários, mas eles se negaram. Entraram com procedimento contra nós e vamos ver se temos de fato uma dívida a pagar. Só que já temos custos, porque temos que recorrer lá no tribunal internacional. Não é que não vamos pagar, queremos entender o que estamos pagando”

Entrada de capital externo

O Sócio Futebol pode ser um capital que entra e é interno. Se alguém põe 400 milhões, quanto o Fluminense vai ter que pagar? Óbvio que isso é uma das soluções…. É melhor organizar primeiro do que buscar o investimento depois, completamente desorganizado…. A taxa de juros vai ficar mais alta, o cara sabe que estou morrendo.

Laranjeiras não tem jogo mas pode ter treino. Haverá? E o patrocínio master?

“Assim como fizemos treinos, fizemos eventos. Todas as vezes castigamos o campo. Custa dinheiro proteger, mas ainda destrói o campo. Ainda tem os jogos lá da base, futebol feminino. Ficamos preocupados com a qualidade do gramado. Discutimos sim, mas depende de agenda. A partir do ano que vem será rotina. A logística é complicada. Voltamos terça, jogamos quinta. Não há estrutura interna para receber o time profissional. Tem que deslocar tudo para lá. E o patrocínio, fomos procurados em campanha. Mas acredito que eu que em razão das verbas de marketing serem decididas no ano anterior, naquele momento não seria possível. Patrocínio master é uma receita importante, mas é mais um posicionamento de marketing. Não vou por um valor que acho que não vale. Temos vários patrocinadores que somados, dão um master. Mas seguimos buscando, sem reduzir pedida, até para não prejudicar quem já é parceiro. Há portas abertas para conversar em Dezembro, novamente.”

ST

 


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