Fluminense celebra 40 anos da conquista do Campeonato Carioca de 1980

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Com equipe composta por nove jogadores da base, Tricolor se sagrou campeão ao vencer o Vasco, por 1 a 0, no Maracanã

O dia 30 de novembro marca o aniversário da conquista do Campeonato Carioca de 1980 pelo Fluminense. Há 40 anos, o Tricolor era campeão em cima do Vasco, no Maracanã, ao vencer o clássico por 1 a 0, com gol do zagueiro Edinho, de falta, no segundo tempo.

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Diante de um público de quase 110 mil pessoas, o Flu, comandado por Nelsinho, subiu a campo com uma equipe composta por nove jogadores formados na base: Paulo Goulart, Edevaldo, Tadeu, Edinho, Rubens Galaxe, Deley, Mário, Mário Jorge e Zezé. As exceções eram Gilberto e Cláudio Adão, artilheiro daquela edição do torneio, com 20 gols.

Acho extremamente importante a lembrança desse título. Inclusive, para ratificar o clube como grande formador nas suas categorias de base. Talvez seja o maior mérito do clube, em se tratando de um título ganho com jogadores formados em casa. Principalmente porque seus rivais, Flamengo e Vasco, tinham times excelentes, com jogadores de destaque nacional e de seleção brasileira. Foi um grande mérito”, destaca Rubens Galaxe.

“Tive a honra de participar da equipe mais Tricolor de Todos os Tempos: a equipe campeã de 1980. Foi inesquecível. Só tinha dois jogadores que não eram da base. Os demais foram formados pelo Fluminense. Inclusive eu, desde o salão até o profissional. Tenho orgulho disso”, afirma Robertinho.

“Foi um campeonato sem igual. Ninguém acreditava no nosso time. Chamavam de time de ex-juvenis. Mas conseguimos o título de 80, que ficou para a história do Fluminense e que marcou, principalmente, a minha vida”, completa Paulo Goulart.

Para conseguir a vaga na grande final, o Time de Guerreiros precisou superar o próprio Cruz-Maltino, de Zagallo, na decisão do primeiro turno da competição. O triunfo verde, branco e grená se deu nos pênaltis, por 4 a 1, depois de empate em 1 a 1.

“Foi um título importante na minha carreira, na minha vida. Hoje, sendo um dos auxiliares da equipe profissional do Fluminense, eu fico contente em festejar a data. É importante para qualquer atleta e ex-atleta. Não são quatro dias nem quatro meses. São 40 anos. Esse título é eterno”, celebra Edevaldo.

“Sou feliz por ter vestido e honrado a camisa do Fluminense, com disposição e determinação. Convivi com um grupo maravilhoso, que era, praticamente, família. A gente se gostava e se respeitava. Por isso, nós conquistamos aquilo que tínhamos em mente, o nosso objetivo”, conta Gilberto.

“A BENÇÃO, JOÃO DE DEUS”

“A bênção, João de Deus. Nosso povo te abraça. Tu vens em missão de paz. ‘Sê’ bem-vindo. E abençoa este povo que te ama!”

Nas penalidades da final do turno do Carioca de 80, as arquibancadas tricolores estrearam o cântico “A benção, João de Deus”, meses após a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil. Acionada nos momentos mais adversos, a canção foi imortalizada nos duelos decisivos daquele campeonato e virou o talismã do Fluminense.

“A música nos tocava profundamente. Tudo isso nos deixou uma marca e uma alegria imensas pelo Carioca de 80. Todos os títulos do clube são importantes e devem ser sempre lembrados e reverenciados. Mas esse título de 80 é único em nossa memória”, finaliza Rubens Galaxe.

Além de permanecer na lembrança de quem viveu seu surgimento, a música ainda serviu de inspiração para o nome do filho do ex-goleiro Paulo Goulart, integrante daquele elenco. O rapaz, nascido em 82, se chama João Paulo.

A ÚLTIMA CRÔNICA DE NELSON RODRIGUES

O título do Fluminense sobre o Vasco naquele Campeonato Carioca protagonizou, ainda, a última crônica de Nelson Rodrigues. Na época, o jornalista sofria de problemas cardíacos e, afastado do mundo da bola por causa da saúde debilitada, só pôde acompanhar a partida pelo rádio, ao lado do filho.

Assim que o Tricolor se sagrou campeão, Nelson Rodrigues deixou a cama e se dirigiu à máquina de escrever. Sem conseguir redigir, pediu ajuda ao filho, que ouvia e passava para o papel as palavras do pai.

O cronista morreu dezenove dias depois da divulgação do texto, em 21 de dezembro de 1980. Confira, na íntegra, a publicação:

“Amigos, em futebol, nunca houve uma vitória improvisada. Tem sido assim através dos tempos.

Foi uma doce e santa vitória. Vocês viram como aconteceu o nosso triunfo. Foi uma tarde maravilhosa.

 Tudo começou há seis mil anos atrás. Vocês compreenderam? Podia ser o Flamengo, o Botafogo, o Vasco ou outro, mas estava escrito que a arrancada era tricolor.

 Há quarenta anos antes do nada, Nelsinho foi chamado. E foi tão fulminante sua presença no túnel tricolor que merecia ser carregado numa bandeja com uma maça na boca.

 Amigos, os idiotas da objetividade custaram a perceber a evidência ululante, segundo a qual seríamos campeões. Eu lhes falei do Roberto Arruda. Pois o Arruda, desde o primeiro jogo do campeonato, me procurou dizendo: – “Seremos campeões”. E neste domingo, o Arruda telefonou para dizer uma única e escassa frase: – “Ninguém nos tira a vitória”.

 E desde o primeiro momento do jogo, ficou claro que a vitória era tricolor. Foi 1 x 0 mas poderia ser dois ou três. O Edinho fez o gol e o Fluminense em vez de recuar para garantir o resultado partiu para cima do Vasco como um leão faminto de mais gols.

 E vocês viram: nosso adversário não pode esboçar a menor reação.

 Gostaria de falar dos campeões. O Fluminense tem um elenco fabuloso do goleiro ao ponta-esquerda, e só os lorpas e pascácios não veem que o futebol brasileiro está encarnado nos craques tricolores”.

 CARTOLA

Também neste dia 30 de novembro, faz 40 anos da morte de Angenor de Oliveira, o Cartola. Torcedor ilustre do clube das Laranjeiras, ele é considerado por muitos críticos e músicos como o maior sambista da história.

Textos: Flu-Memória
Fotos: Mailson Santana – Fluminense F.C/ Flu-Memória – Arquivo


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