LEONARDO BAGNO – É possível ser campeão, sim!

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Para conquistá-la tem que querer e acreditar que é possível. E é!

Tricolores,

Todos que me acompanham no Twitter (@LeoBagno) e/ou leram os textos que eu trouxe para cá no SAUDAÇÕES TRICOLORES sabem que critiquei – e continuo criticando – o objetivo traçado pelo nosso presidente antes do começo do Campeonato Brasileiro: alcançar a pré-Libertadores de 2021 é pouco para o Fluminense.

Critiquei, sem ao menos saber o que seria o Brasileiro, porque se trata, antes de mais nada, de uma questão conceitual: o Fluminense não pode, de maneira alguma, abrir mão da disputa de uma competição sem sequer entender o que se passa com os demais adversários nem quais serão as circunstâncias dela.

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Além disso, o Fluminense existe para ser campeão. Vencer é a nossa obsessão. Portanto, todo e qualquer ato praticado pelo Fluminense e por seus colaboradores deve ter como foco a conquista do campeonato que se inicia. Qualquer coisa diferente disso é incompatível com a nossa natureza, com a nossa história, com o nosso tamanho.

Parte da nossa própria torcida, que não está sozinha, pois o presidente pensa assim também, aplaudiu o que se classificou como um ato de sinceridade da gestão: nosso objetivo seria alcançar a pré-Libertadores.

O racional por trás é simples de alcançar: se temos um time mediano, com um elenco limitado, atravessando uma crise financeira sem precedentes, como acreditar que é possível disputar o título de um campeonato que é tido como um dos mais difíceis do mundo? Daí os aplausos ao presidente por sua consciência e coragem em assumir algo que seja coerente com o nosso momento.

Não, tricolores. Não há que se falar em aplausos. Muito menos comprar tal discurso (nem que me pagassem eu aceitaria isto como nosso objetivo).

Primeiro porque o Fluminense, como disse, tem como marca entrar nas competições para disputá-las. É o nosso objetivo. Com ou sem capital para investir em grandes times e/ou elencos, no final do ano, a exigência tem que ser a mesma: vencemos o quê no ano? O balanço sempre tem que ser esse. Somos o Fluminense, lembram-se?

Segundo porque a gestão que foi eleita pelos sócios do Fluminense era conhecedora das nossas dificuldades antes de assumir o clube e está lá para conseguir fazer mais com o pouco que temos à nossa disposição. Inclusive foi prometido durante a campanha eleitoral que recuperaríamos a hegemonia do futebol carioca. Só se recupera a hegemonia sendo campeão. Ou não? E é possível fazer futebol com pouco dinheiro. Exemplos existem em todos os lugares que olhamos. Domésticos ou estrangeiros.

Só que fazer mais com pouco demanda muita eficiência: errar o mínimo possível nas contratações; realizar um trabalho de base impecável; e saber focar a disputa nas competições que são conhecidamente mais fáceis de disputar, seja porque são mais curtas, seja porque envolvem times com a mesma capacidade de investimento nosso.

Terceiro porque absolutamente todos os times que estão na série A, antes do início do Campeonato Brasileiro, tem como objetivo alcançar a pré-Libertadores em 2021. Uns possuem este objetivo como o mínimo aceitável para a disputa. Outros, como máximo. Contudo, todos têm em comum este mesmo objetivo. Daí que aceitar a pré-Libertadores como objetivo máximo do Fluminense no Brasileiro 2020 demonstra a pequenez de pensamento que tomou conta da nossa instituição. Compreensível, mas não aceitável. Jamais.

De todo modo, com o Campeonato Brasileiro em curso, aproximando-se do final do primeiro turno, temos uma ideia de como está a disputa pelo título e quais são os times que podem sonhar com a taça ao término da competição.

E quais são os times que estão na disputa do título do Campeonato Brasileiro de 2020, senhoras e senhores?

Indubitavelmente, e no mínimo, os seis primeiros colocados estão na disputa pelo título. Seja porque possuem um time decente, um elenco forte ou porque São Assis assim quis. E, tricolores, São Assis assim está querendo e o Fluminense figura entre os seis primeiros colocados do Campeonato Brasileiro a três rodadas do fim do primeiro turno.

Os tricolores que aplaudiram o que chamaram de ato de sinceridade da gestão lá atrás, antes do início da competição, são os mesmos que hoje dizem não haver a menor possibilidade de disputar o título do Brasileiro (coincidência?). Dizem que temos um time fraco, um elenco ruim, um técnico pior ainda e nenhuma capacidade de contratação durante a janela para fazer uma graça na segunda metade do Brasileiro.

Eu insisto em continuar discordando. Só que agora não estou mais no plano conceitual, fundamentando a minha opinião apenas na nossa história e pelo que devemos sempre lutar. Agora, além do teórico, que é importante e nos define, tem o plano prático também.

Dezesseis rodadas disputadas, três para terminar o primeiro turno, estamos em quinto lugar na tabela de classificação e a seis pontos do líder da competição. Isso, por si só, já deveria ser suficiente para convencer qualquer tricolor que é, sim, possível disputar o que será o Penta tricolor em 2020.

Entretanto, não o é.

Não o é porque vivemos um complexo de vira-latas por conta justamente da falta de ambição que assolou o clube nos últimos anos e, como vimos, assola até os dias atuais. Então, comprar que nosso objetivo é a pré-Libertadores, apesar de pouco para o Fluminense, é sedutor para o tricolor. Sedutor para o tricolor e conveniente para a gestão.

Conveniente porque, ao indicar a pré-Libertadores como meta, matam-se vários coelhos com uma cajadada só: 1) passa para a torcida a ideia de que há uma postura pé-no-chão e que, por isso, é necessária a tal sinceridade, traçando um objetivo modesto que seja aparentemente coerente com a realidade financeira do clube; 2) afaga o espírito do tricolor menos exigente e mais pessimista, que já está se acostumando com o tamanho menor do Fluminense que insistem em oferecer para a gente e que, assim, não exige mais da gestão postura de clube enorme, mas de Atlético-GO ou de Red Bull Bragantino; e 3) o objetivo modesto não cria expectativa, livrando a gestão da obrigação de fazer Fluminense com pouco e ainda aumenta consideravelmente as chances de, não só alcançar o objetivo modestamente traçado, como sair-se como vencedora por tê-lo alcançado. Como vimos, se tivéssemos adotado postura de Fluminense desde o início da competição, pré-Libertadores deveria ser um objetivo tido como mínimo e não máximo.

Só que estamos tão anestesiados com o fato de entrar há anos no Brasileiro para não cair que alcançar a pré-Libertadores parece ser algo quase impossível. Não o é. Tem sido para a gente porque as gestões anteriores foram completamente incompetentes. Se tivessem um pouquinho só de competência, o Fluminense já tinha ido para a Libertadores umas três vezes. Até porque tem ano que basta chegar em oitavo lugar para se classificar para a maior competição sul-americana e nem isso conseguimos. Estão vendo como diminuíram o nosso sarrafo? Como estão criando dificuldade para vender facilidade? Nós não conseguimos chegar em oitavo no Brasileiro e fica tudo por isso mesmo. Contentamo-nos e ficamos aliviados por não cair de divisão. Conseguem enxergar o nosso equívoco nesse processo de “apequenamento” do Fluminense?

Precisamos parar de olhar para baixo e passar a olhar para cima. Precisamos acreditar no Fluminense. Precisamos trabalhar para alcançar os nossos verdadeiros objetivos. E precisamos exigir que os verdadeiros objetivos sejam, senão alcançados, ao menos buscados. Porque quem mira no título, se errar, acaba acertando na Libertadores. É consequência. Já quem mira em pré-Libertadores e erra passa a se contentar com fuga de rebaixamento.

Se trabalhar direitinho e criar coragem, pode ser que o Tetra vire Penta.

Eu sei que não basta querer ser campeão. É preciso ter recursos para disputar o título. Precisamos de time, elenco e técnico, por exemplo. O Fluminense não tem nenhum desses três elementos. Mas quem tem?

Dos seis primeiros colocados, três times foram eleitos pela imprensa especializada e até pelos próprios tricolores como os principais candidatos ao título: Flamengo, que empatou ontem com o espetacular Red Bull Bragantino, jogando em casa – e quase faz o mesmo contra o tremendo Goiás, na rodada anterior, também em casa, fazendo seu gol no último lance da partida, o que já tinha acontecido, inclusive, contra o glorioso Botafogo, diga-se de passagem; o Internacional, que perdeu justamente para o Fluminense; e o Atlético-MG, que tomou um baile nosso no primeiro tempo e que, se tivéssemos um pouquinho mais de coragem e um técnico com uma leitura de jogo um pouquinho mais apurada, poderíamos ter tido melhor sorte ao final da partida.

O campeonato nacional de 2020 possui um nível muito parelho de disputa. Os resultados dos jogos demonstram isso. Está aí para quem quiser ver. Isso faz com que o nosso time tenha força suficiente para estar a seis pontos do líder da competição. Quem está dizendo isso não sou eu, é a tabela de classificação. É um dado objetivo. Um fato. E contra fato não há argumento.

Nosso elenco, mesmo limitado, não terá que se preocupar com outras competições, pois só estamos disputando, até a temporada que vem, o Brasileiro. Sendo assim, ter um elenco grande e forte não é algo tão importante para a gente no momento. É possível usar o que temos para a disputa do Brasileiro. Já a qualidade do elenco não pode ser um fator determinante para obstaculizar a busca pelo título porque, ainda que sejamos ruins, ela nos levou à quinta colocação a seis pontos do líder sem ter como nosso objetivo a conquista do Penta.

Por isso que é de suma importância que a chave seja virada: o complexo de vira-latas tem que terminar imediatamente. É preciso incutir na cabeça de todos que trabalham no Fluminense que o título é alcançável. Se as pessoas que estão no clube, do roupeiro ao presidente, não acreditarem que é possível, não conseguiremos. Sentir na alma que estamos diante de uma oportunidade única e que é possível aproveitá-la é crucial para que o caminho ao Penta comece a ser trilhado.

Se conseguirmos realizar contratações pontuais que agreguem valor, trazendo velocidade e um pouco mais de qualidade, especialmente para nossas laterais e meio-campo criativo, o Fluminense ganha corpo definitivo para essa disputa.

Por outro lado, ainda que não aconteça tais contratações, temos como disputar o Brasileiro pensando em título. Estamos vendo que é possível. Tem que querer. Tem que correr. Tem que disputar todos os jogos como se fossem finais – porque são finais. Tem que haver senso coletivo. Tem que ter doação. Tem que ter mudança de foco. E, acima de tudo, tem que compreender que estamos falando de Fluminense. E se tem um time que pode realizar tal façanha é o Fluminense.

Vimos, no jogo contra o Atlético-MG, no primeiro tempo, como é bom ser Fluminense: encarar o adversário de frente, buscando a vitória, sem se intimidar com quem está do outro lado do campo.

É possível, Fluminense. É possível. Desde que você não se esqueça que somos o Fluminense.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno


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