LEONARDO BAGNO – Por que desprezar a Copinha?

Compartilhe

Time Tetracampeão da Copinha

Tricolores,

A Copa São Paulo de Futebol Júnior começou ontem para o Fluminense. Independentemente do resultado, o que gostaria de conversar com vocês hoje é sobre uma decisão que o nosso clube tomou, não faço ideia de quando nem por quem, mas que se prolonga por pelo menos dez anos: não levar o que temos de melhor dentro da categoria para disputar a mencionada competição.

Para vocês terem uma ideia do que eu estou falando, dos jogadores que estão aptos a participar da Copinha de 2019, nove não estão com o Fluminense em São Paulo. Quatro por estarem lesionados – e contra isso nada pode ser feito – e cinco por terem sido alçados ao profissional, dando a falsa impressão de que serão usados na categoria que realmente importa. Falsa impressão porque, dentro desses dez anos que mencionei acima, não me lembro de nenhum jogador da base ter sido aproveitado no time profissional durante o período em que se disputa a Copinha. Exceto em jogos mequetrefes desses contra uma Cabofriense da vida, em partida válida pela última rodada da Taça Guanabara, em Los Larios, numa quarta-feira, às 15h. Portanto, por que não deixar os garotos participarem da competição mais importante da sua categoria?

Você conhece nosso canal no YoutubeClique e se inscreva! Siga também no Instagram

Fica ainda pior se presumirmos – o que me parece correto presumir – tratar-se de cinco jogadores que certamente seriam titulares do time durante a disputa da Copa São Paulo. Afinal, se eles compõem o elenco do time profissional ainda tendo idade para atuar na categoria de base, então é razoável concluir que se tratam de jogadores de qualidade destacada e que, por isso mesmo, desfalcam o nosso time titular sub20.

Entendo perfeitamente a ideia – e estou alinhado com ela – de que a categoria de base serve para uma coisa apenas: revelar jogadores. Uma vez revelados, cabe ao clube decidir se os atletas servem para fazer caixa para a contratação de jogadores já formados e que darão um retorno desportivo imediato ou se são joias que devem ser lapidadas dentro do clube, uma vez que o retorno desportivo tem grande potencial de ser extraordinário. Isso, evidentemente, caso tenhamos a oportunidade de mantê-los por aqui por alguns anos, haja vista que a situação atual do Fluminense é de insolvência e qualquer trocado em euros é o suficiente para tirar daqui jogadores que certamente teriam um futuro brilhante, como foi o caso do Richarlison, por exemplo.

Time Pentacampeão.

Acontece que esses jogadores que estão treinando com os profissionais ainda não estão formados, muito menos revelados. Acredito, ainda, que não serão aproveitados durante o Carioca, tendo em vista as experiências passadas, e farão uma falta imensa para a equipe sub20, como testemunhamos todos os anos pela televisão nos meses de janeiro. Ou seja, perdemos bons nomes para realmente disputar o título da Copa São Paulo, ficando estacionados nessa lenga-lenga eterna de “conheça os moleques de Xerém que lutarão pelo hexa”.

Por outro lado, título de divisão de base vale alguma coisa? Bom, tirando o Flamengo – que comemora todo e qualquer título que ganhe, importante ou não,  por conta da sua prepotência e megalomania – e o Botafogo – que por total falta do que comemorar comemora aquilo que é possível -, título de base não é nem deve ser comemorado. Contudo, não significa dizer que não seja importante conquistá-lo.

Primeiro que os jogadores aprendem desde cedo que o Fluminense é vencedor e, ainda mais importante, ensina o gostinho crucial da vitória. Além disso, forma o jogador para as decisões que enfrentará quando vestir a camisa do Fluminense no Maracanã lotado, que é o que realmente importa – ao menos deveria ser. Apesar de o peso de vestir a camisa nos profissionais ser muito maior do que na base, fato é que o jogador que está acostumado a vencer já tem no seu subconsciente como proceder em jogos decisivos. Evidente que inúmeros outros fatores farão com que ele seja decisivo neste momento, mas já ter experimentado isso quando adolescente ajuda consideravelmente a manter não só o foco como a calma quando estiver diante desta situação.

Segundo que o título da Copa São Paulo de Futebol Júnior – e aqui acredito ser o motivo mais importante de todos – tem um peso diferenciado em relação aos demais da mesma categoria. Tudo porque o futebol brasileiro, durante o mês de janeiro, está de férias. As torcidas estão ávidas em acompanhar seus times do coração. E quase todos os jogos dos grandes times são transmitidos ao vivo. Para se ter a noção exata do peso e importância da Copinha, os gols são vistos e revistos pelos principais canais – abertos e fechados – de televisão. Há mesa redonda para analisar as atuações dos jogadores. Enfim, o Brasil, seja por interesse, seja por total falta do que acompanhar no lugar, sacia a sua vontade de ver futebol nacional, durante todo o mês de janeiro, com a Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Daí a importância de se disputar a competição com seriedade e com a determinação de conquistar o título. O Fluminense impõe-se, como deve sempre se impor, e, de quebra, solidifica a marca, agregando a ela a imagem de vitoriosa. O que faz o Fluminense, então? Manda o time reserva ou, às vezes, até da categoria inferior. Ah, isso porque somos o segundo maior vencedor da competição, sendo que fomos o primeiro por vários anos a fio. Enfim, vai entender.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

ACRÉSCIMO DE TEMPO: +2

46min: Até agora nada de meio de campo para repor a saída do – horroroso – Sornoza. Entretanto, ruim sem ele, pior sem nenhum! É sério que iremos de Danielzinho para o Carioca e início de disputa da Copa do Brasil e da Sul-americana?

47min: Não comemoro atuação de jogador em treino. Até porque o nosso elenco é pífio. Portanto, jogar bem contra esse pessoal é o mínimo que se espera dos jogadores que estão chegando agora. No entanto, verdade seja dita, pior seria se eles estivessem apagados, jogando mal.

Siga-me no Twitter: @LeoBagno

Fotos dos times campeões da Copa São Paulo de Futebol Júnior retiradas do blog Jornalheiros.


Compartilhe

9 thoughts on “LEONARDO BAGNO – Por que desprezar a Copinha?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *