LEONARDO BAGNO – Tijolo

Compartilhe

Tricolores,

Ressaca braba do último jogo, contra o Santos, na Vila Belmiro. Encaramos o jogo de frente, mas que não foi – mais uma vez – suficiente para sairmos com um resultado positivo. Essa dinâmica tem sido na maioria das vezes a nossa perigosa realidade. Perigosa porque dá a sensação de que o time jogou bem, que não saiu com a vitória por acaso e que falta pouco para que isso passe a acontecer, o que está muito longe de ser verdadeiro.

Primeiro porque não existe um time de futebol profissional que se preze que jogue por três vezes seguidas com uma formação sem um meia armador que seja. Qualquer um por mais ruim que o jogador possa ser. Alguns podem argumentar que existem jogadores que mudam de posição e passam a atuar melhor do que na posição de origem. Concordo. Acontece que não é o nosso caso. E eu sei disso porque já vi por três vezes o experimento e posso concluir sem medo de errar que não funcionará na quarta. É empírico.

Você conhece nosso canal no YoutubeClique e se inscreva! Siga também no Instagram

Allan não é armador e nunca será. Trata-se de um jogador que tem postura de que entende do riscado, mas seus passes errados geralmente criam as principais chances dos adversários. Seus erros são sempre comprometedores. Vide o Fla-Flu, quando ocorreu o primeiro deles. Pode até ser que ele seja melhor do que o Bruno Silva, que é outro que não tem como atuar nesse esquema por não ter a qualidade técnica apropriada (e aqui está um outro problema, pois quase ninguém no time tem esta qualidade apropriada para atuar num esquema que prime pela troca de passe). Ou seja, Allan como segundo homem ou até terceiro pode vir a render mais. Como o responsável pela armação, será sempre isso que estamos vendo.

Por falar em Bruno Silva, quem deveria estar no seu lugar é o Caio Henrique, que está sendo prejudicado ao ter que cumprir o papel de lateral esquerdo. É inconcebível o Fluminense jogar sem um armador, como já disse acima, assim como sem um lateral esquerdo (por que esses caras compraram o Marlon?). Perdemos o nosso melhor volante para tapar buraco de elenco mal formado. É revoltante!

Não é possível que não tenhamos nenhum outro jogador no elenco para tapar aquele buraco ali na esquerda. Nem que seja um lateral direito, como fizemos com o PC na década de 90. Aliás, quem sabe a gente não consegue resolver dois problemas de uma vez só como aconteceu naquela oportunidade: PC, que era unanimemente questionado pela torcida, passou a ser adorado, fazendo três golaços inesquecíveis (contra São Paulo, Flamengo e Botafogo) e a lateral esquerda ganhou um jogador que quase chegou à seleção brasileira. Que se coloque o Julião por lá. De esquerda ele entende!

Luciano é um cara que vem fazendo seus gols, mas não pode ser o nosso atacante. Perdeu, como todo mundo já sabe, três gols decisivos nos três últimos jogos. Nós temos no elenco outros atacantes. A começar pelo rapaz que meteu gol no Fla-Flu que jogamos com time reserva. Por que ele não entra mais? O Fluminense precisa de jogador com essa característica, uma vez que sempre acaba cruzando as bolas na área adversária para ninguém. Quando tivemos um jogador com esse perfil, fizemos dois gols! No Fla-Flu e contra o Santos. Por que não tentarmos novamente isso?

Ah, o João Pedro, que fez o gol no Fla-Flu, não entra porque o Diniz clama por dar conjunto para o time titular. Ele quer que os jogadores ganhem um entrosamento tal que as jogadas aconteçam naturalmente. O pensamento não está errado. É interessante e eu concordo com ele.  O problema está justamente no que ele entende como time titular. Não é melhor dar conjunto para um time que efetivamente tenha condições de ganhar um jogo?

Isso porque o Fluminense não agride ninguém. É um time que joga bonito por conta dos passes trocados em situações que qualquer time daria um chutão. Um time que tenta propor um jogo bem jogado, tecnicamente, sem se livrar da bola. Ocorre que, quando isso é executado por um time que não tem a qualidade necessária para o que se quer, passa a ser um futebol burocrático, não objetivo e que cria pouquíssimas chances de gol. O motivo? Porque o time não tem qualidade. Simples assim.

Quantos chutes a gol o Fluminense tem em suas partidas? Contra o Santos foram 21 chutes a gol. Bastante, né? Sim! O problema é que essa estatística não é a nossa. É a do Santos. Nós chutamos míseras 8 vezes. O jogo foi fora e por isso chutamos menos? Ok. Fluminense x Goiás: 12 chutes. 4 chutes a mais do que na partida contra o Santos. Aumentou, né? Sim, se isso fosse a estatística do Fluminense. Não é! É a do Goiás. Nós demos, jogando em casa, ridículos 5 chutes! Não tem como dar certo! Está provado. Por que insistir com isso?

Aqui entramos em outra questão que deve ser colocada e principalmente repensada pelo Diniz. Há de haver uma adaptação do Fluminense ao jogo que está sendo jogado. É louvável o Diniz propor uma postura em campo que prime pelo futebol jogado. Muitas das vezes essa característica ajuda e muito o time a sair de situações complicadas, clareando o campo e encontrando espaços para a criação de jogadas ofensivas. Não há, por exemplo, uma jogada melhor do que uma zaga saindo tocando quando o ataque adversário está em cima dela. Uma zaga que saiba tocar a bola é o início de um time difícil de ser batido. Porque, dessa forma, os defensores conseguem entregar a bola para aqueles que sabem construir jogadas ofensivas, que, por sua vez, entregam para os jogadores que sabem fazer gol (não temos armador em campo nem atacante e isso é desesperador!).

Por outro lado, não adianta querer que um jogador que não tenha qualidade faça isso durante o jogo todo. O que acontecerá é justamente o que estamos vendo: um time que faz de tudo para manter a posse de bola, mas que não sabe o que fazer com ela quando precisa propor o jogo. Quando encontramos espaços, naturalmente sabemos o que fazer. Quando os espaços deixam de existir, os jogadores esbarram na dificuldade criada pelo adversário, que se torna potencializada pela total falta de qualidade técnica para romper com essa barreira. Chutes de fora da área e atacantes que saibam ganhar disputas de bola aérea são soluções simples para este pseudoproblema. Lançamentos idem! E trata-se de um pseudoproblema porque ele está sendo criado por nós mesmos ao insistirmos com essa postura com os jogadores que temos. Se passarmos a chutar de longe e a contar com um atacante que saiba dividir bola aérea, imediatamente passaremos a ter mais chances reais de gols. Os lançamentos, por sua vez, terminarão com os problemas de perda de bola na cara do nosso gol, evitando que o adversário use desse erro para marcar contra a gente, como já aconteceu algumas vezes neste ano e continuará a acontecer se nada fizermos para mudar esse quadro.

O time fica tão vidrado nessa de passar a bola a qualquer custo que até quando está perdendo, com o jogo terminando, insiste em ficar trocando passes inócuos e deixando o tempo passar. O abafa, que trocentas vezes nos deram gols redentores, sequer é tentado por esse time. Vemos os minutos finais esvaindo-se com um time aparentemente alheio à derrota. Isso não é postura de time grande. Isso não é Fluminense!

A solução, então, é demitir o Diniz, dizem alguns. Não, não é mesmo. Primeiro que não temos quem contratar para o lugar dele. Segundo que não temos presidente para mandá-lo embora. Terceiro que não é porque um funcionário não está performando a contento que o demitimos sem antes realizar reuniões para demonstrar os erros e apresentar aquilo que se deseja e que se exige. Esta última parte fica comprometida quando estamos diante de profissionais que não estão com os salários em dia. Exigir que cumpram com suas obrigações quando o clube não honra com as suas é difícil. Saber lidar com esse quadro é complexo, mas não impossível. De todos os que estão pelo Fluminense atualmente, deposito minhas fichas da esperança em Paulo Angioni. Acredito que somente ele possa resolver essa situação a nosso favor. Isso porque nosso presidente já desistiu da presidência e nosso vice-presidente de Futebol sequer tomou posse (alguém sabe o nome dele?). Não há ninguém lá dentro além de Angioni que possa nos ajudar agora.

Apesar disso tudo, sabe-se lá como e com quais forças, precisamos continuar indo aos jogos. Sei que muitos torcem o nariz quando leem isso. Sair de casa para ver um time que não tem armador e não chuta a gol é complicado. Só que precisamos resistir a isso tudo. O Fluminense precisa da gente mais do que nunca. Não adianta dar as caras no final do campeonato, quando estivermos com 99% de chance de rebaixamento. Não temos time para fugir disso dessa vez. Não temos Fred, muito menos Conca. Nosso apoio, desde o início, é primordial para que consigamos os pontos necessários para termos uma melhor sorte no campeonato. Não marcamos gols. Mas ajudamos a marcá-los com a nossa presença e o nosso canto – de apoio ou de cobrança. Sem falar na questão financeira, que é delicadíssima. Final de semana que vem temos clássico contra o Botafogo. Nosso estádio, 90% dos ingressos destinados à nossa torcida. Que compareçamos! Resistir é preciso.

Saudações Tricolores,

Leonardo Bagno

ACRÉSCIMO DE TEMPO: +2

46min: Matheus Ferraz tem sido um monstro! A nossa camisa 3 está muito bem representada.

47min: Rodolfo foi absoluto no gol do Fluminense contra o Santos. Que partida! Não fosse o “migué” no final do jogo, pedindo atendimento médico quando era momento de levantar-se, sacudir a poeira e sair jogando, teria tido uma atuação irrepreensível. Que continue assim, pois precisaremos demais com esse time que tem sido escalado pelo Diniz.


Compartilhe

556 thoughts on “LEONARDO BAGNO – Tijolo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *