Mario Bittencourt confirma que goleiro Rodolfo vai ser reintegrado

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O goleiro Rodolfo recebeu duas boas notícias esta semana. Na quarta-feira (13), a Comissão Disciplinar da Conmebol reduziu a pena do arqueiro com base nas novas diretrizes da Agência Mundial Antidoping (WADA), que passou a recomendar penas mais brandas para drogas que não necessariamente servem para melhorar o desempenho. E, na última sexta-feira (15), o presidente Mario Bittencourt confirmou que o jogador vai ser reintegrado ao elenco na próxima segunda-feira (18).

“Nós estamos reintegrando-o ao grupo. Ele sabe das dificuldades de voltar a jogar porque tem o Marcos Felipe, tem o Muriel, tem o João (Lopes), tem o Pedro (Rangel), que já subiu da base porque normalmente já integra aqui o profissional. Ele sabe das dificuldades, mas o nosso dever como instituição era de reintegrar esse rapaz. (O Rodolfo) será muito bem-vindo aqui na segunda-feira, treinando e se colocando a disposição”, disse o presidente do Flu.

Goleiro Rodolfo com a camisa do Fluminense
Rodolfo comemorando a classificação do Fluminense na quarta fase Copa do Brasil 2019 (Lucas Merçon/Fluminense Football Club)

Um ano, sete meses e 20 dias. Este é o tempo que Rodolfo ficou suspenso desde a condenação por doping, a segunda na carreira do atleta de 29 anos. Em 2019, o arqueiro testou positivo para a benzoilecgonina — substância encontrada na cocaína. Em 2012, o jogador já havia sido condenado pelo mesmo motivo enquanto vestia a camisa do Athletico Paranaense.

Com um histórico de dependência química — admitida pelo próprio jogador — e sem poder exercer a atividade profissional, este poderia facilmente ser o fim para o goleiro Rodolfo. O atleta poderia se tornar mais uma das muitas histórias que perdem a batalha para as drogas. Segundo o Escritório das Nações Unidas contra Droga e Crime (UNODC), 1,4 milhões de brasileiros consomem cocaína. No entanto, o jogador teve o apoio da instituição Fluminense ao longo de todo o processo.

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Responsabilidade social com Rodolfo

De acordo com a legislação, poderia suspender o contrato e deixar o atleta sem receber até o fim da punição ou do contrato. Mas, ao invés disso, o clube propôs ajudar o atleta e continuar pagando uma pequena parcela de seu salário. Desde que Rodolfo se comprometesse com o tratamento, como explicou o presidente.

“Eu acho que fazer isso seria uma punição muito cruel, que poderia fazer com que ele não só voltasse para o mundo das drogas como destruísse a própria carreira e a própria família. Eu, então, fiz um acordo com o Rodolfo, de que ele ficaria conosco, se tratando, o clube ajudaria com todo o tratamento psicológico, médico, que colocaria o departamento jurídico do clube a disposição para tentar minimizar essa punição e que ele pudesse manter os custos de vida, manter a família dele. Ele têm filhos. Ao invés de tirar 100% do salário dele, pagaria de 20 a 25% do salário dele enquanto durante o contrato dele conosco. Para que ele pudesse manter a família dele com dignidade. Porque as três ou quatro meninas necessitavam do pai em casa”, contou Mário Bittencourt.

O dirigente, aliás, elogiou a postura do arqueiro durante o tratamento oferecido pelo Fluminense. Além disso, Rodolfo ainda acabou recompensado com a redução da punição que originalmente era de três anos. Mas, que poderia ser até de banimento do futebol.

“Ele cumpriu integralmente o tratamento durante todo esse período. Foi sempre ajudado pelo clube nesse sentido. E o nosso departamento jurídico teve uma atuação brilhante, conseguiu reduzir a pena dele bastante. Tanto é que ele está apto a jogar”, contou o presidente.

Semelhanças com outro caso

Ao citar o caso envolvendo o goleiro Rodolfo, Mário Bittencourt comentou sobre outro jogador com um histórico de dependência química enquanto vestia a camisa do Fluminense. O centroavante Michael teve um começo promissor no Tricolor. Mas também acabou suspenso pelo uso de cocaína em 2013. Assim como o goleiro, o atacante também ficou meses sem jogar até que a punição foi reduzida.

“Eu já tive um caso aqui no passado quando eu era vice de futebol, com o Michael. Eu participei de muitas reuniões com psiquiatra, com médicos, com psicólogos e percebi que essas pessoas precisam da nossa ajuda. A gente não pode abandonar essas pessoas. Especialmente um atleta que é dependente químico e que pode estar jogando a sua carreira fora. Naquela época eu ajudei, o Michael como vice de futebol e como advogado. Fiz a defesa e a gente conseguiu um ótimo resultado para que ele pudesse continuar jogando futebol”, lembrou o dirigente.

Além da suspensão por cocaína, enquanto esteve no Flu, Michael também teve um “sumiço”, passou por um acidente de carro e, por pouco, não abandonou a carreira. Mas o atacante conseguiu a redenção.

Michael em campo pelo Fluminense
Antes da punição Michael se destacou após marcar três gols na vitória por 3 a 1 sobre o Macaé. Atualmente, o atacante defende o Vasalunds IF, da terceira divisão sueca (Nelson Pérez/Fluminense Football Club)

Goleiro Rodolfo no Fluminense

Contratado junto ao Oeste, Rodolfo chegou ao Fluminense em 2018, quando atuou em apenas cinco partidas. Foi em 2019 que passou a receber mais oportunidades, quando se tornou titular com Fernando Diniz. Por causa de sua qualidade com os pés, acabou se tornando uma peça importante para a ideia de saída de bola do então treinador.

Rodolfo pegando pênalti
Contra o Santa Cruz, pela quarta fase da Copa do Brasil 2019, Rodolfo se tornou o herói ao pegar duas cobranças na disputa por pênaltis (Foto: Lucas Merçon/Fluminense Football Club)

Contudo, as falhas acabaram fazendo que perdesse a posição para Agenor. Rodolfo foi pego no antidoping na goleada de 4 a 1 sobre o Atlético Nacional, na Colômiba. Na partida, o arqueiro estava no banco de reservas e sequer entrou em campo. E, quando Muriel se tornou titular, o camisa 39 já estava suspenso por doping.  Ao todo, o goleiro disputou 34 jogos com a camisa tricolor.


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Lucas Meireles

Jornalista formado pela UFRRJ, apaixonado por esportes e pelas boas histórias.