O Movimento “Futebol + Livre” está no ar. Com 45 clubes favoráveis para mudar a legislação brasileira, que diz que para uma emissora transmitir uma partida de futebol, ela precisa ter o direito dos dois clubes, o mandante e o adversário – a MP 984/2020 chegou justamente para mudar isso.
Com essa medida provisória sendo de vez executada, a concorrência vai aumentar. O modelo que vigora no Brasil gerou concentração do futebol nas mãos de poucos investidores. Consequentemente, não alcançou todo o seu potencial e ainda provocou distorções no seu modelo de distribuição. A MP viabiliza a entrada de novos investidores no mercado, sem afastar os atuais, aumentando a disputa por direitos, a receita dos Clubes e, consequentemente, deixando o futebol brasileiro mais forte. Esse modelo atua no meio futebolístico ao redor do mundo.
Com a lei antiga, um clube que subisse da Série B para a Série A seria obrigado a negociar seus direitos de TV aberta com a única emissora possível (a que já tivesse o direito dos outros Clubes). Com a Lei do Mandante esse mesmo clube pode negociar seu pacote de 19 jogos com várias empresas diferentes. Mais do que isso, se juntando a outros três clubes eles formam um grupo com um produto muito valioso de 76 jogos. A nova legislação empodera os Clubes a negociar seus direitos e ainda incentiva a união deles.
A nova lei traz diversos benefícios ao futebol e culmina no aumento a receita dos clubes, passando a ter o direito de vender os seus jogos.
A Lei do Mandante acaba com os “apagões“, isto é, os jogos sem nenhuma transmissão, que ocorrem quando um canal tem o direito de um time e outro canal tem o direito do outro (caso o do Athletico quando joga em sua casa). Antes da MP vigente mais da metade dos jogos do Campeonato Brasileiro eram impedidos de serem exibidos na TV fechada. Com mais partidas sendo transmitidas, teremos um futebol mais democrático, mais acessível e mais barato.
Nas principais ligas do mundo, como Alemanha, Espanha, Inglaterra e Itália os direitos pertencem aos clubes mandantes. A legislação anterior aqui no Brasil tinha mais de 50 anos e não refletia uma forma moderna de negociação dos direitos esportivos. A ampliação de investimentos gera aumento de receitas para os clubes, viabilizando a manutenção dos nossos craques por mais tempo no país, além do investimento em estrelas internacionais. Com a Lei do Mandante os atuais detentores de direitos mantêm TODOS os jogos que compraram e ainda ganham mais opções de jogos para transmitir. Não há qualquer prejuízo ou ameaça aos atuais contratos.
Clubes de todas as divisões já estão fazendo parte desse movimento. Da Série A, 11 times estão favoráveis. São eles: Palmeiras, Santos, Red Bull Bragantino, Athletico, Sport, Flamengo, Ceará, Bahia, Goiás, Fortaleza e Atlético-GO
ST
João Eduardo Gurgel
2 Comments
Sou contra a negociação nesse modelo, porque vai seguir fortalecendo quem já é forte e ampliando as distorções de receita, além de criar uma dificuldade para o torcedor que, por rodada, vai precisar descobrir quem vai transmitir o jogo do seu time. Outra coisa que me incomoda é esse sistema que privilegia e incentiva negociações individuais entre clubes e emissoras, porque entende que o produto é o clube, quando o real valor está na disputa, no campeonato, na liga. Um dos maiores, mais competitivos e bem sucedidos campeonatos esportivos do mundo é a NBA e é a liga (não os times) que concentra todas as receitas e as divide igualmente entre todas as franquias. O produto NBA é muito valioso. Falta esse pensamento coletivo aqui.
Enquanto operarmos assim, o futebol brasilis só vai minguar.
E o Flu jogando contra. Até parece que ganha mais do que os outros.