O necessário “pente fino” nos Esportes Olímpicos e demais setores

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Muitos tricolores falam sobre os Esportes Olímpicos do clube como sendo um dos grandes ralos de dinheiro, pesando muito nas contas do clube. E esse ponto delicado evolve muito mais do que “só” dinheiro. Envolve política também. O grupo formado pelos EOs tem participação ativa na vida política do clube, ganhando força ano após ano, sobretudo no atual quadro de sócios e, mais precisamente, no quadro de eleitores. Pois bem.

Na semana passada o conselheiro Marcelo Souto apresentou um requerimento formal, ao Conselho Deliberativo, onde pedia pela a suspensão imediata de todas as atividades olímpicas e a elaboração de plano de ações para viabilizar o social do clube. Souto é integrante do grupo Esperança Tricolor que, por sua vez, fez parte da coalizão FUF (Fluminense Unido e Forte). A coalizão chegou a lançar candidato próprio, mas Cacá Cardoso acabou desistindo do pleito e decidiu, junto com o grupo todo, apoiar Pedro Abad na eleição de 2016. O grupo de Souto, no entanto, desembarcou da gestão em abril de 2018. Após, a própria coalizão acabou por romper com Abad.

E esse assunto, referente à suspensão das atividades dos EOs, foi abordado na última coletiva do presidente Mário Bittencourt. Caio Blois, jornalista do Uol, perguntou sobre o tema. Confira a resposta do presidente:

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– Fiquei sabendo ontem (24/10) à noite. Vejo esse requerimento de caráter político. Não há porque a gente extinguir ou paralisar, ou injetar recurso, em setor nenhum do clube sem ter avaliação de quanto cada um custa e a relevância de quanto temos de receita para cada departamento. É fato público e notório que o Fluminense é Football Club. Toda grande parte da receita é oriunda do futebol, e assim será para todo o sempre. O departamento de futebol do Fluminense, operacionalmente, sempre digo isso, vai dar sempre resultado positivo. A questão é que a quantidade de dívidas, construídas no passado, especialmente por decisões equivocadas, não aproveitamento de boas parcerias come mais de 50% da receita ordinária do clube. E se jogar a dívida dentro do balanço tudo vai dar prejuízo. Mas, operacionalmente, o futebol é superavitário. Ele fatura mais do que gasta. Dar lucro não significa ter dinheiro suficiente para que se possa investir.

E seguiu:

– Há profissionais que estão fazendo análise dos custos de todos os departamentos do clube. Não vou citar nomes e situações, mas identificamos algumas coisas mal computadas. Tem departamento do clube que usa a água e não paga, quem paga é outro departamento. Estamos identificando isso e depois vamos apresentar internamente quem terá de apertar o sapato e quem terá de buscar receitas. Eu posso afirmar que 90% da receita é do futebol, mas também 90% é gasto no futebol. Queremos implementar um modelo que independa das pessoas. Meu legado será deixar isso. O Fluminense tem de funcionar de forma automática.

Mário ainda se posicionou a respeito de eventuais cortes. Para o presidente não se pode fazer uma corte linear, ou seja, exigir que todos os setores enxuguem seu departamento da mesma forma. Garantiu que Xerém, por exemplo, não terá o seu investimento reduzido. Os cortes serão em cima de cada centro de resultado que for deficitário.

O grande “X” da questão vem do balancete publicado no site oficial do clube, referente ao primeiro semestre:

CUSTOS DEPARTAMENTO SOCIAL E DEMAIS ESPORTES (22.305)
Despesa de pessoal (7.039)
Despesa com direito de imagem 1.684
Despesas com manutenção de imóveis 612
Despesas com jogos e competições (457)
Despesas de serviços de terceiros (3.289)
Despesas gerais (7.696)
Depreciações (4.192)
Provisão para contingências (236)
Dispensa de Atletas (futebol de base) (1.692)

*em milhares de reais

E as receitas oriundas patrimoniais/sociais:  R$ 7.219.000,00. Ou seja, basta um olhar simples que é visível um déficit na casa dos 15 milhões de reais. O grande problema da gestão financeira do clube, ou melhor, do modelo de gestão, é que as contas não são dividas por centro de custos. Isso dificulta a compreensão daquilo que é auto-sustentável para o que não é. Mas já se pode dizer, pelos números acima, que o futebol (principal receita e razão de existirmos) acaba sustentando os demais setores.

Por isso é tão importante um estudo minucioso sobre as contas do clube. E mais importante ainda, é a torcida se conscientizar em entrar de sócio. Para ajudar financeiramente e para equalizar as forças políticas do clube. Hoje vivemos um universo de milhões que é decidido por menos de 5 mil. Mário aproveitou a coletiva para garantir o voto online em 2022:

– Posso antecipar: em que pese ter assumido o clube há quatro meses, posso dizer que orçamos o voto online. Ele está avançado. Temos de fazer a implementação perto de ser usado. Não tem motivo de pagar antes sem ter essa situação. A ideia é fazer alguns testes de votação online antes da eleição de 2022. Um teste pode ser a terceira camisa. Fizemos três cotações de empresas diferentes. Da contratação para implementar, leva 15 dias.

Portanto, para as próximas eleições, o voto do torcedor comum é que decidirá o futuro do Flu. Isso só fortalece o clube como um todo.

Mário/Celso ainda vão completar 5 meses de gestão. Da mesma forma que precisam do voto de confiança da galera, precisam apresentar os resultados de suas ações, sobretudo no que tange a estancar a sangria financeira do clube, identificando onde que o “ralo” está. A torcida tem o direito de saber o que acontece com os recursos do clube, mas também o dever de fiscalizar.

Na próxima coletiva que tiver, nossa reportagem vai dar sequência nesse assunto, procurando questionar o andamento desse levantamento e, também, sobre o portal da transparência, uma das principais questões para o torcedor.

O Fluminense precisa passar por esse choque de ordem. Precisamos cobrar a diretoria sempre. E precisamos fazer a nossa parte.

ST

 

 


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