O prazer é meu

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Nasci em 1996, ano em que se iniciava a desastrosa sequência de rebaixamentos que manchariam a grandiosa história do Fluminense – ainda que não tenhamos sido efetivamente rebaixados. De um lado, um avô vascaíno e um pai botafoguense e, do outro, minha mãe e toda sua família flamenguistas. Em meio a este caos futebolístico, nascia então a ovelha tricolor. A irmã, prima, sobrinha e neta “vira casaca”, aquela a ser convencida a trocar de time, mimada por todos “se virar Flamengo te dou todo o uniforme de presente”. Nada disso me interessava, meus olhos só enxergavam um escudo e meu coração já estava tatuado de verde, branco e grená.

Das minhas primeiras lembranças estão um empate em 2×2 contra o Vasco no Maracanã no que acredito ter sido meu primeiro clássico; uma derrota por 6×1 contra o Paraná no Brasileirão de 2005; as sete trocas de técnico em 2006 e as inúmeras provocações com meu irmão mais velho em dia de flaxFLU.

Quem tem a mesma faixa etária que eu saberá do que estou falando. Uma geração que cresceu vendo um Fluminense protagonista da América, era impossível não se envolver e se apaixonar cada vez mais. “Prazer, Fluminense Football Club”. Quem não lembra disso? Pois bem.

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De 2007 à 2012 assisti meu time chegar à duas finais internacionais, além dos títulos brasileiros que em Laranjeiras eu festejei. Eu cresci vendo o meu time no auge, o Fluminense era uma máquina, era imparável. Inevitável. Em 2007, o primeiro título expressivo que comemorei. Lembro que no jogo das oitavas contra o Bahia, depois de assistir ao 2o gol deles, desliguei a televisão como quem já não acreditava mais. Ali, Soares me ensinava a primeira lição que todo tricolor um dia aprende “nunca duvide do Fluminense”. Roger, meu primeiro ídolo.

Já em 2008, inacreditável. A primeira vez que senti a agonia e a tristeza de ver um título escapar de forma tão cruel. Eu tinha uma coisa de chorar sempre que perdíamos um jogo, até mesmo no Carioca. Não importava, tínhamos que ganhar. Então, depois de ver a pintura do Dodô contra o Arsenal e o gol milagroso de Washington contra o São Paulo, passar com sobras do timaço do Boca e ver Thiago Neves jogando um futebol de encher os olhos, um sentimento horrível se instaurou em mim, uma impotência sem tamanho. Não superei e acho que nem vou.

Então veio 2009. Ao mesmo tempo que avançavamos na Sula, afundavamos no Brasileirão, um misto de sentimentos, mas a esperança sempre mais forte que o medo. Nunca duvide do Fluminense. Mais uma final internacional, mais um trauma – prefiro jogar contra qualquer seleção à sua escolha do que contra a LDU -, Fred dando cabeçada no juiz na final, o pesadelo de mais um (pra mim o primeiro) rebaixamento e a heróica campanha liderada por Cuca e Fred. Éramos capazes de tudo. Nunca mais duvidei.

Em 2010 e 2012, o tetra brasileiro. Finalmente a alegria que mereciamos, finalmente poder soltar o grito de campeão há anos entalado. Leandro Euzébio em cima das traves do Engenhão. Conca jogando os 38 jogos. Festa em laranjeiras. Eu vi meu time ser campeão brasileiro duas vezes em três anos. Assim eu crescia e me tornava cada vez mais e mais tricolor.

Meu nome é Sharon, hoje faço 23 anos e, ao longo dessas décadas, o Fluminense conquistou espaço irredutível na minha vida e se tornou parte de mim. Momentos, lembranças, amizades – se todos estão iludidos, nenhum de nós está -, tristezas inexplicáveis e também as alegrias mais intensas. Nesse aniversário, quando apagar as velas, estarei desejando momentos melhores pro nosso Fluminense e que ele retome a grandeza que fez com que me apaixonasse. Por mais décadas ao seu lado, nas boas e nas más.

No mais, não posso deixar de agradecer aos meus tios tios tricolores responsáveis por isso tudo. Tio Bruno e tio Paulo Marcos, que estiveram ali na minha infância alimentando isso tudo. Por fim, meu pai, botafoguense mais tricolor que já vi, que me levava em todo canto pra acompanhar essa paixão.


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9 thoughts on “O prazer é meu

  • 18/10/2019 em 11:18
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    Não se esqueça que tem um lado tricolor na família do seu avô, o lado mais nobre. O irmão mais velho do seu avô sempre teve bom gosto, e soube passar muito bem esse sentimento para mim. beijos, Marcelo.

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  • 18/10/2019 em 11:31
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    Me representa!!! Parabéns, Sha, ilustre tricolora!

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    • 18/10/2019 em 12:10
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      Aeeee lindinha! Não consegui com os filhos mas consegui com a afilhada. Bjão

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  • 18/10/2019 em 11:57
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    Que lado lindo seu que está aflorando cada vez mais . Escreveu com o coração, com paixão , com AMOR ❤️ Parabéns

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  • 18/10/2019 em 16:13
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    Parabéns, gigante. Que voltemos ao caminho de glórias. A gente merece isso.

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  • 18/10/2019 em 18:20
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    Em 58 e 62 quando o Botafogo ganhou tudo eu era vizinho do GARRINCHA e tinha 10 anos, aí perguntei a meu pai pra quem deveria ser torcedor, Botafogo? Aí ele perguntou você não nasceu no estado do rio, então é Fluminense , éramos 9 irmãos do 2 não seguiram a orientação de nosso pai …

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  • 27/03/2023 em 00:14
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