O que vi do jogo – Flu 3 x 0 Fig

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A torcida tricolor deu uma pausa nas criticas mais pesadas e, agora, está no estágio de querer ver a comprovação da melhora do time nas mãos de Odair Hellmann. Muito criticado pelos jogos apresentados, após a pandemia – salvando-se, talvez, dois dos três jogos das finais – o time comandando por ele, enfim, mostra sinais de evolução. Pode não ser o ideal, e estar longe daquilo que queremos, mas já dava os tais sinais. Já vínhamos falando por aqui, em nossos programas, que desde o jogo contra o Inter era possível notar isso. E ontem, talvez ao lado da partida diante do Botafogo, o Flu fez a sua melhor atuação do ano.

Muitos céticos ainda vão colocar na conta que o adversário não vem bem na Série B do Brasileirão, e que não pode ser referência. E se dermos um passo atrás, irão comentar que o jogo diante do Athlético-PR não foi com o time completo pelo lado de lá e por assim adiante. Mas penso que chegou a hora da galera passar desse estágio de corneta ON – só para pegar o gancho da moda – e passar para a fase seguinte: confiando, mesmo com a pulga atrás da orelha.

O sistema defensivo do time vem mostrando melhoras. E, como também já dissemos aqui antes, se não temos nenhuma estrela por ali, os 4 principais zagueiros cumprem bem seu papel. Luccas Claro indiscutível, mesmo jogado pela canhota da zaga. Seguro, joga simples e sério, tem grande explosão e é veloz. Nino, que retornou ontem, esteve um pouco abaixo de seu companheiro de zaga, mas foi bem. A única peça sem destaques, ou ainda muito abaixo de seus companheiros (como um todo) ainda está na ala canhota. Apesar de estar mostrando um futebol melhor do que vinha apresentando, Egídio ainda destoa de seus companheiros. Erra muito na frente, não vai à linha de fundo e, o principal, quer cruzar as bolas da intermediária para a área. Poucas coisas no futebol irritam tanto um torcedor.

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Calegari merece um parágrafo só para ele. Disse ontem na transmissão, e repito aqui: como me surpreendeu o “moleque”. Não que eu fosse esperar uma partida ruim dele não. Ao contrário. Eu já esperava que ele, ao menos, repetisse a boa atuação do jogo passado. Mas ele foi além. Teve presença ofensiva, buscou as jogadas com Michel Araújo e Nene, esteve na linha de fundo, correu muito e, defensivamente, foi um veterano. Recebia as bolas, na saída de jogo, apertado e não se assustava. Virava o corpo, erguia a cabeça e buscava a melhor saída. Muitas das bolas perigosas tricolores passaram pela direita. Jogaço do garoto!

E essa boa atuação dele talvez consiga extinguir um pouco o incêndio pela chegada de um lateral. Mas a diretoria continua precisando se mexer para encontrar solução para o setor – e dos dois lado. Um campeonato brasileiro longo desse jeito, e com espaços entre os jogos absurdamente ridículos, precisamos de peças de reposição e, é sabido da torcida tricolor, que simplesmente não temos. Orinho e Julião estão muito aquém do que merece o torcedor tricolor.

Muriel não foi muito exigido ontem, é bem verdade. mas esteve atento ao jogo todo e saiu bem, nos pés do atacante deles, logo no início do segundo tempo.

Passando pelo meio, mais uma atuação segura de Yuri. Lutou, correu e mostrou muita disposição por ali. Se não apareceu tanto no ataque, conseguiu dar o balanço defensivo para Araújo e Nenê jogarem mais soltos. Saiu com dores na perna – de uma dividida ainda no primeiro tempo -mas já faz uma enorme sombra para Hudson, titular da posição que esteve no Estaleiro se recuperando de lesão e que ontem já esteve presente no banco de reservas. E curiosamente Odair ainda optou por Yago para a entrada no jogo, talvez pela falta de ritmo. E o volante mostrou que pode ser útil. Além de cumprir seu papel de destruidor de jogadas, apareceu na area para receber o passe se Araújo, que se não fosse pelo providencial corte da zaga, poderia até ter anotado o seu. Mas, como houve esse desvio, Yago se ajeitou para dominar e sofreu o pênalti, do terceiro gol de Nene.

Dodi fez outra boa partida. Talvez pelo seu destaque das últimas, quando ele pega a bola já não tem aquela liberdade. Ainda assim se apresentou bem ao ataque e conseguiu executar boas jogadas. Foi ele quem sofreu a falta que Nene mandou no “gogó da Ema”. E na defesa o “ferrinho de dentista” de sempre. Cutucando até conseguir desarmar as jogadas.

Michel Araújo é outro que vem numa crescente muito real e consolidada. Ele deu novo ânimo ao time, ao assumir a vaga de Yago, para não sair mais. Vem sendo o motorzinho da equipe, mostrando muita luta em todas as jogadas. Além de compôr bem o balanço defensivo, com Calegari por ali, ele se destaca pela constante movimentação e procura pelo jogo. Como tem fome de bola o nosso uruguaio, candidatíssimo a ser o próximo ídolo internacional da torcida tricolor. Foi ele quem costurou uma galera antes de rolar para Nene, disparar e fazer o segundo. Saiu para a entrada de Wellington Silva que, mais uma vez, correu muito mas produziu pouco. Pelo menos, ainda buscou fazer mais as jogadas do que reclamar da arbitragem. Está faltando mais atitude dele nos jogos. Esperamos que ele perceba isso e corrija.

Sobre Nene não precisa falar nada. Tudo o que era para ser dito, ele disse com os pés ontem.

Marcos Paulo fez uma partida melhor do que as anteriores e mostra, pelo menos, evolução. Se ainda não voltou a ser aquele jogador que os torcedores se acostumaram a ver, pelo menos está voltando no que é essencial aos atletas: vontade de jogar. Uma das principais críticas da torcida ontem, ao menos, não ocorreu. MP procurou mais o jogo, conseguiu produzir algumas boas jogadas pela canhota. Entendo, também, que as atuações de Egídio por ali, deixam MP sem uma opção de jogada e isso acaba refletindo também na sua própria atuação. Saiu para a entrada de Ganso, que mais uma vez foi bem. Recuperou uma bola no meio e, no tempo certo, enfiou para Michel Araújo cruzar, no lance que originou o pênalti em Yago. O camisa 10 parece estar recuperando seu melhor futebol e, com isso, a desconfiança da torcida vai se dissipando.

Por fim, mas não menos importante, um jogador fora do tom. Do seu próprio e o tom que o time jogou ontem. Evanilson esteve irreconhecível. Perdeu duas chances claras de gol – uma ele dominou (mais uma vez) errado e permitiu a saída do goleiro; e outra que ele conseguiu o giro, mas deu de graça, nas mãos de Sidão (goleiro adversário). Além de não conseguir ganhar as divididas pela frente, se envolveu em muitas faltas e não brilhou. Não fez uma má partida, mas pelo que sabemos que é capaz de fazer, deixou a desejar. Mas futebol é isso. Esperamos que tenha sido um dia ruim e que as coisas voltem a acontecer para ele – e para nós – já no jogo diante do Vasco. Saiu para a entrada de Fred. Completamente sem ritmo, se enrolou numa bola no ataque. E só. Mas demos tempo ao tempo. Ainda espero que ele possa nos encher de alegrias de novo.

ODAIR HELLMANN

Odair está montando o time, no meu entender, numa espécie de 4-2-3-1, com uma linha de 4 definida atrás, 2 volantes, 3 meias-atacantes, e 1 atacante no comandando. O treinador, quando joga se defendendo, procura “espelhar” o meio de campo adversário, com os dois volantes colando mais nos meias de criação, sempre com um mais na sobra, e os meias atacantes acompanhando as subidas dos alas, além de fechar o meio na primeira linha. Ontem, o time demorou um pouquinho para ajustar essa marcação – na primeira linha – e começava a disputa pelo meio com menos gente. Tanto que o primeiro momento de mais perigo no jogo ocorreu pela direita, quando Nino acabou dando o bote errado – já saiu para tentar corrigir o erro do setor – e o lance acabou resultando no cruzamento afastado por Egídio, do lado de lá da defesa.

Após esses primeiros momentos a marcação encaixou. E o Flu passou a ter o controle do meio, conseguindo recuperar a maioria das bolas rebatidas pela defesa do Figueirense. Tanto é que, nos dois chutes sofridos, ainda do primeiro tempo, saíram após falhas na nossa saída de bola.

No início do segundo tempo, a melhor jogada deles nasceu, exatamente, num buraco deixado entra a linha de zaga e a volância. O atacante consegue receber o passe nas costas de Yuri, avança e tabela. Recebe na frente e Muriel sai para abafar. No mais, seu time não correu riscos na partida e construiu uma vitória sólida.

O sistema ofensivo tricolor melhorou muito com o retorno de Nene para o meio, onde ele pode flutuar e render muito mais, e passa também pelo bom momento de Michel Araújo, que se movimenta muito também, acelerando as jogadas e dialogando muito com o próprio Nene. Percebemos uma aproximação maior entre os atacantes, com boas chegadas dos volantes (Dodi sofreu a falta, Yago sofreu o pênalti – e Yuri cruzou para o gol contra no jogo passado) e as jogadas darem mais continuidade para frente, sendo mais agudas. O Flu soube girar a bola bem, mas também buscava a penetração na área adversária. Jogadores mais próximos e mais ligados. Ainda precisamos encontrar melhorias em pontos determinados – mas em qual trabalho não precisaríamos – mas estamos conseguindo enxergar um Flu melhor.

Outro ponto é a nossa segunda bola, quando somos atacados. O time todo parece dentro da área, o que minimiza a nossa chance de brigar por essa nossa segunda bola e partirmos rápidos para o ataque. E se encaixar melhor os contra-ataques, que ainda não tivemos nenhum com a velocidade necessária – e melhorarmos a ala canhota, esse time do Flu pode ir longe no Brasileiro e, quem sabe, na própria Copa do Brasil.

Finalizo o texto da forma que iniciei: penso que chegou a hora da galera passar desse estágio de corneta ON e passar para a fase seguinte: confiando, mesmo com a pulga atrás da orelha.

Que venha a Nau Vascaína.

ST

 

 

 


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11 thoughts on “O que vi do jogo – Flu 3 x 0 Fig

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