O que vi do jogo – opinião Pedro Rangel

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Quando foi noticiado que o técnico Odair Hellmann pouparia jogadores no jogo de ontem, visando a decisão da Copa do Brasil, parte da torcida não concordou e as “cornetadas” para cima do treinador ganharam novos tons. Uns diziam que esse “Flu de hoje” temer o Figueirense é absurdo; outros já imaginavam desculpas antecipadas para uma possível derrota, no tapetinho do Athlético, jogando fora de casa. Mas poucos, ou quase ninguém, imaginavam que Odair fosse ganhar opções sólidas na composição de seu time.

Primeiro, Calegari. Não se sabe ao certo se o treinador poupou o Julião ou se barrou o lateral, abrindo assim a oportunidade da jovem promessa de 18 anos, assumir a titularidade pela ala direita. E se não foi uma partida primorosa do atleta, foi uma partida muito boa e, o mais importante talvez, bem acima que seu colega de posição vinha fazendo. Foi seu primeiro jogo oficial pelo profissional – o outro foi o amistoso contra o Botafogo. E ele não se intimidou. Mostrou personalidade, muito embora ainda se ressinta de maior experiência (o que é óbvio) e tenha sido mais tímido no ataque, na defesa ele conseguiu fechar os espaços e foi o líder de desarmes no jogo – ao todo sete. Com a bola, mostrou que tem habilidade e sabe jogar. Deve ser mantido como titular para o próximo jogo.

Outro personagem importante da partida foi o meia Paulo Henrique Ganso. Ele que vinha sendo um dos mais criticados pela torcida, sobretudo pela derrota no último jogo, contra o Bragantino, Ganso deu o tom na meiúca tricolor, distribuindo bem as jogadas e acelerando o jogo com seus passes certeiros. Alias, foi dele a maior marca de passes certos na partida, com 44 chegando ao destino e apenas 4 errados. Mais próximo da criação das jogadas de ataque, o meia foi um dos mais participativos, correu o jogo todo, substituindo Nene, que deve voltar diante do Figueirense. Mas nesse jogo, deixou claro que pode ser mais produtivo atuando mais próximo das jogadas de ataque, e ao lado de jogadores mais velozes, como foi o caso de Michel Araújo e do próprio Dodi, que também busca bastante o jogo. O volante, inclusive, não teve tanto destaque na chegada ao ataque, por se prender mais na contenção, enquanto o camisa 10 comandava o meio de campo. Para muitos, Ganso já assumiria a titularidade. Para outros, volta a ser uma boa opção para o decorrer das partidas. Mas, uma coisa é quase unânime: essa foi a melhor partida do meia no ano.

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Pela zaga, a novidade ficou por conta do Digão, que voltou a ser titular após se recuperar de lesão. Substituindo Nino, zagueiro que vem bem na temporada e agradando à torcida, ele atuou com a braçadeira de capitão – o que mostra a sua importância para o grupo – e fez uma boa partida. Seguro nos desarmes ainda chegou a participar do gol – PESSIMAMENTE ANULADO – de seu companheiro de zaga, Luccas Claro, que completou para as redes após sua cabeçada defendida pelo goleiro adversário. Mostra que a zaga tricolor está bem servida. Se não temos nenhuma grande estrela por ali, os 4 principais do elenco (Matheus Ferraz completa a lista), estão cumprindo bem seu papel.

Além dessas novidades no time que vinha atuando, outros destaques conseguiram manter o nível de atuação e cada vez mais se consolidam como os donos das posições. Michel Araújo hoje é insubstituível. O uruguaio vem crescendo de produção a cada jogo e impressiona por dois aspectos: o primeiro pela luta constante e incansável enquanto está em campo. Corre muito e não desiste de nenhuma jogada. Com isso, e com a boa atuação de Calegari, o balanço defensivo do lado direito cresceu e está ficando cada vez mais firme. E em segundo, mas não menos importante, ele vem aparecendo cada vez mais no ataque, como um dos principais articuladores. Chegou anotar um gol ontem, mas corretamente anulado pelo impedimento de Luccas Claro no lance que originou o rebote que ele mandou para as redes. Foi ele, inclusive, quem iniciou a jogada que originou o gol tricolor que valeu. Correu atrás da bola tirada da área pelo goleiro, costurou a direita do ataque e enfiou, com precisão, uma bola milimétrica para Yuri – que também se destacou no jogo – cruzar para o gol contra de Aguilar. O motorzinho que faltava na meiuca tricolor, que dá maior velocidade na transição hoje tem nome. E é uruguaio.

Yuri e Dodi foram outros que vieram bem no jogo. O primeiro, com cara de mais “volantão” mesmo. Aquele destruidor de jogadas. Mesmo sem gozar de tanto prestígio com a torcida, mostra que pode ser concorrência para Hudson, que volta de lesão. Cumpriu bem seu papel na marcação e ainda apareceu no ataque, se destacando pela jogada do gol e por um chute, defendido com os pés pelo goleiro. E Dodi. Esse já caiu nas graças de seu torcedor e, mais uma vez, mostrou que assumiu a posição para não sair mais do time. Seguro na marcação, o volante não apareceu tanto como em outras oportunidades, mas chegou a oferecer perigo nas suas chegadas – sobretudo num chute venenoso, defendido em dois tempos.

Outro que deixou uma pulga atrás da orelha da galera tricolor se redimiu ontem. Após a falha no primeiro gol do Bragantino, Muriel voltou a ser o “Muroel” e, com pelo menos duas defesas difíceis, garantiu lá atrás o que seus companheiros produziram na frente. Inclusive a defesa na cabeçada pode ser considerada como um gol, pelo peso que teve. No final do jogo, ele foi buscar uma bola dificílima no canto direito dele, e confirmou os três pontos tricolores. Os gritos por Marcos Felipe no gol foram abafados com a atuação de ontem. Ainda assim, há quem queria Marcos Felipe na titularidade.

Por fim, dois titulares que melhoraram suas atuações, mas ainda são alvos de críticas da galera: Marcos Paulo e Egídio. O atacante foi deslocado para o comando do ataque, função que já exerceu na base tricolor, e até conseguiu dar seguimentos em algumas jogadas – acabou isolando uma chance clara, que se não fosse pelo impedimento marcado na origem da jogada, teria um peso maior na atuação – mas ainda está abaixo daquilo que a torcida espera e sabe que ele pode produzir. Pelo menos mostrou mais disposição, sobretudo se compararmos com o jogo passado, quando ele “não” entrou em campo. Já Egídio mostrou mais segurança, após atuações ruins nos últimos jogos. O experiente atleta, se não fez uma partida brilhante, fez uma partida muito segura. Acertou a maioria dos passes, interceptou bem as jogadas  – foi o vice-líder, com 5 desarmes – e apareceu bem no ataque. Foi ele quem cruzou a bola, na cabeça do Digão, na jogada do gol mal anulado de Luccas Claro.

Em relação às alternativas do banco, percebo que o treinador está girando, buscando encontrar o seu camisa “12” ideal para a parte ofensiva. Luiz Henrique é a prova disso. A jovem promessa entrou para substituir Evanilson e sentiu uma lesão. Difícil avaliar a atuação do jovem talento, com tão pouco tempo em campo. Mas mostrou que Odair está em busca do nome ideal. Wellington Silva que chegou a ser titular intocável do time, ficou como opção e Caio Paulista, outro que Odair insistiu muito no estadual, também. Eles entraram no decorrer do jogo e não conseguiram produzir muita coisa. O primeiro substituiu Luiz Henrique, ainda na primeira etapa, e teve mais tempo. Ainda assim se destacou mais por uma reclamação exagerada com o árbitro – que lhe rendeu um amarelo – do que por suas jogadas. E o segundo, que entrou aos 24 do segundo tempo, lutou muito mas não conseguiu construir as jogadas. Está na hora de voltar a testar o Pacheco, nessa espécie de rodízio que estamos testemunhando. Yago entrou no fim, para dar mais pulmão na marcação, sem grande destaque e sem comprometer.

E num jogo, onde era para ser de um time misto, fadado à derrota, a torcida se surpreendeu e encontrou um time “alternativo”, formado por algumas peças criticadas que ganharam, senão a redenção, uma sobrevida com a galera – pelo menos mostraram que podem produzir mais e serem úteis ao plantel.

ST


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8 thoughts on “O que vi do jogo – opinião Pedro Rangel

  • 23/08/2020 em 11:27
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    Muito bom e pertinente comentário. Também achei grande evolução com está escalação. Tem colocar novamente para maior entrosamento e ritmo de jogo. Acho que já tem bastante posição que os jogadores estão firmes, sendo que umas 4 outras e se definir.
    Particularmente, eu acho o Ganso muito mais bola que o Nenê, que é um tremendo fominha e prejudica a equipe.

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  • 23/08/2020 em 15:36
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    Vendo o gol que valeu, percebi que WS teve um papel, ele se apresentou entre as traves para receber o passe do Yuri, o que obrigou ao athleticano a tentar cortar, resultando no gol contra. Assim, me parece injusto dizer que se destacou apenas pelas reclamações.

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  • 23/08/2020 em 16:09
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    Não se pode negar uma coisa, Odair com toda pressão, com toda crítica, foi corajoso. Assumiu a responsabilidade de poupar Nino, Nenê e Evanilson. Os três melhores da equipe. Teve personalidade e parece que achou uma nova possibilidade pro time. ST.

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  • 23/08/2020 em 21:28
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    Na terça saberemos qual foi a do técnico, eu particularmente acho que ele na verdade quis mesmo poupar e vai colocar em campo a equipe que vinha jogando com Julião e Nenê.
    Acredito que se fizer isso assinará o atestado de burrice.

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    • 24/08/2020 em 11:35
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      Meu medo é ele querer assinar esse atestado…

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  • Pingback: Infy

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