Fala, presidente! “Um bom gestor toma muitas decisões, porque pior que errar é não decidir”

Mário Bittencourt convocou uma coletiva nesta sexta-feira, como vem fazendo de 15 em 15 dias. Após a homenagem a Altair, que agora dá nome ao campo 1 do CT, o presidente, ao lado de Angioni, falou sobre a administração do clube, PH Ganso, Marcão e o futebol brasileiro de modo geral.

“Tentaremos fazer de 15 em 15 dias, mas isso vai depender do momento. Recentemente mudamos e houve questionamentos. Hoje saiu uma matéria do jornal o Globo sobre contas do ex-presidente (Peter). Quero deixar claro que isso não é um movimento político. Nossos conselheiros eleitos assumem em 2020. O nome do CT foi a mesma coisa, não houve ingerência. Um conselheiro, de oposição a nós, fez o pedido para botar o nome do Castilho. Foi acolhido pelo presidente do Conselho Deliberativo – da gestão Abad. Quem fazia parte desse conselho, era o sócio do clube que dava nome a esse CT antes. Não quero politizar atos. Não há participação da presidência no movimento de rever contas. Eu gostaria de tirar essa conotação. Tentamos resgatar os melhores dias do clube.

O assunto do momento é o treinador do Fluminense. O Marcão venceu o Grêmio….

M:Essa semana teve reunião do DP de futebol. E o Paulo vai passar.

A: “Eu não tenho muito hábito de estar aqui, tenho outra forma de enxergar minha participação. Mas quando necessário, mostro meu rosto. Essa posição tem muito a ver como, conversei com ele sobre minhas conviccções e objetivos e o Marcão é o treinador do Fluminense no resto do campeonato brasileiro, enquanto nós entendermos que isso deva ser. Ele vai seguir e tenho certeza que ele tenha muito sucesso. O Fluminense não está procurando treinador, na verdade nunca esteve na hora.”

O filho do Osvaldo? Daniel?

M: Não saiu, ficou aguardando nossa posição. É um dos melhores profissionais da área. Na coletiva dos 100 dias, houve interesse em análise de desempenho. Então conversamos e estávamos afim de aumentar.

A: O Daniel também é ex-profissional do Flu, tem relação com Marcão. E o Daniel a gente buscou para dar mais sustentabilidade no trabalho do campo. Além do Aílton, o Daniel é importante para nossa nova caminhada.

No dia do enterro o Fluminense não mandou representante. Essa homenagem é para reparar?

Nos não tivemos tempo hábil para fazer homenagem naquele dia, nem sabíamos do enterro. Não é para reparar nada. Ia acontecer de qualquer forma. E a prova é a família do Jair Marinho estar presente hoje. Há mais espaço ali, já estamos construindo o campo 3 e vamos fazer mais homenagens, que são sempre com bustos ou coisas parecidas com nossos ídolos.

Marcão é efetivado, interino …?

Não gosto de rótulos. Todo treinador que chega aqui é dependente de um bom trabalho e resultados. Eu havia trazido ele em 2014 como auxiliar permanente. Eu achava importante o Flu ter alguém da casa, tanto para o campo ou fora dele. Ele tem história no Flu, a nossa confiança. Parte da diretoria executiva decidiu, em acordo com a vice-presidência. E eu chancelei. Normalmente venho aqui uma vez por semana, mas dependendo do momento 2 ou 3x. O DP de futebol achou que era o melhor caminho, e eu aceitei. A decisão final será sempre minha, funciona como empresa. Mas foi um consenso. Hoje o Marcão é o treinador do Fluminense.

Uma visão institucional sobre Ganso capitão domingo. Ontem Oswaldo deu entrevista e achou um absurdo ainda maior a braçadeira, punindo-o ainda mais. E sobre o Daniel?

A: Ele não voltou, ele não saiu. A rescisão não foi feita. Ele está aqui pela capacidade profissional, não porque o pai dele era o treinador. Ele está aqui pelos bons serviços prestados. Com relação ao outro assunto, o que é certo para você, pode não ser certo para mim. Respeito a todos, mas o que você acha que é certo, pode não ser para mim. Eu vejo muita falácia, mas quem administra sou eu, e sei como é duro administrar. Tenho muitos fatos para discordar, de muitas coisas feitas no futebol. Eu gosto de ser elegante e respeitar os outros. E eu acho até que não é o certo, é o que cada um pensa.

M: A permanência do profissional, que era filho do treinador, mostra que o clube era profissional. Quando o Oswaldo saiu do Palmeiras, o Gabriel ficou. Ele saiu pela atitude com a torcida, teve uma atitude intempestiva dentro do campo. O estopim da saída foi quando ele ofendeu a torcida. Não havia como ficar. O torcedor é a razão da existência do clube de futebol. Nós entendemos e devemos suportar dificuldades sem atingir torcedores. Entendemos que era insustentável, até para o profissional. Nesse tempo que ele passou aqui, me tornei um admirador do cara que ele é. Mas não deu certo. E a permanência de um membro da comissão técnica, que não era dele – o Gabriel veio do Vasco. E sobre o Ganso, na frente de todo mundo, multamos ele. Sobre a braçadeira, era um caminho natural sem o Digão. O fato merecia uma repreensão, mas nada muito grave.

Trazer o Osvaldo naquele momento foi precipitado, um erro de avaliação? 

Bom, eu acho que não existe num clube reações precipitadas. Trabalhamos todos os dias. Acontecem decisões, que dão certo ou não. Um bom gestor toma muitas decisões, porque pior que errar é não decidir. Se acertarmos 7, 8 em 10, faremos uma boa gestão. Não houve precipitação, discutimos amplamente a questão. Tínhamos opções anteriores. Tentamos o Dorival, que me disse que não podia aceitar. Depois, ele me falou sobre o resultado do exame. Depois, tentamos o Abel, que nos informou que não queria pegar trabalho em andamento. Vínhamos numa linha de gente mais renomada, com passagens por clubes grandes. Ele não saiu por causa da pressão da torcida, saiu por critérios técnicos e a relação se tornou insustentável. Quando um profissional cria aquele ambiente, não há como reagir, mas sim trazer para perto. Como da mesma forma, menos de uma semana depois a gente confirma o Marcão. Amadurecemos a decisão e foi isso. Se a gente espera 15 dias, perdemos 5 partidas. Foram 4 treinadores demitidos na mesma rodada, é uma cultura do futebol Brasileiro. Ninguém quer discutir a diferença de remuneração do clube. Do nono colocado para o 16º, há uma pequena diferença. Em um campeonato de longo prazo, se não igualarmos algumas condições, não há equilíbrio.A cada dia a pontuação fica mais espremida. É difícil. Quem tem mais dinheiro pode arriscar mais, investir mais. Temos muitas dificuldades por causa da diferença abissal que 3 ou 4 clubes.

O que ocorreu sobre a negociação da empresa que cobrou parte da venda do Pedro?

Seguimos em tentativas, teve uma segunda reunião. Estamos em 7 (de 0 10) para fechar o acordo.

Daniel, Yoni…Como está a situação deles?

Discussões financeiras com Daniel foram bem resolvidas. O representante dele foi pros EUA, já voltou. Na minha visão, conversando com os dois, as coisas estão bem avançadas. A demora nos preocupa um pouco, mas devemos resolver isso hoje ou amanhã. Sobre o Yoni, avanço nenhum. Fizemos uma proposta, ele não respondeu ainda. O pai dele falou que gostaria de discutir mais pro final.

A reabertura das contas de 2016 pode responsabilizar pessoas por alguns erros, dentro disso tem a questão do Samorín e as demissões por Whatsapp. O Flu vai pra Justiça?

Podem ser reabertas, discutidas, reajustadas por algum erro. Por isso. Eu não posso trazer isso como algo pessoal. Perdi em 2016 e ganhei em 2019. É uma instituição de 117 anos, que eles passaram mas eu também passarei. Não há envolvimento político, mas se for provado que houveram prejuízos contra o clube, tomaremos providências. Se o Fluminense entender que tem que fazer alguma medida, vamos medir tecnicamente o que fazer. Eu administro para instituição, não para mim. A decisão tem que ser técnica, não política. Isso pode gerar uma ação das pessoas contra o Fluminense, como danos morais ou algo parecido.

A primeira é em relação ao Evanílson, artilheiro do sub 20 e tem contrato até fevereiro. Há tentativa para renovação? Resposta da CBF sobre Caio e Allan?

O Flu se esforça muito para mantê-lo. Queremos um contrato mais longo, ele foi incorporado ao profissional pelas necessidades e pela performance. Treina aqui e joga lá. Mas a prioridade é aqui. O contrato, estamos discutindo.  Os jogadores vão ter que servir a Seleção.

M: Eu fiz um pedido oficial, fui 2 vezes na CBF. Usei tudo que poderia como entidade, mas não houve como. A resposta que tive foi que ano que vem não teremos esse problema de calendário, menos na Copa América. Eu tentei um último pedido deles se apresentarem no dia do jogo, mas há uma questão legal de tempo de descanso dos atletas. Todos os clubes pediram, não rolou. Não ficamos satisfeitos, mas não obtivemos êxito.

Mário, eu gostaria de saber a expectativa para o clássico. Não há um bom desempenho esse ano, 1 vitória em 10 jogos.

Isso me incomoda como presidente e como torcedor. Eu tenho maneira diferente de encarar esses jogos. Na minha concepção, clássicos regionais são importante. Fomos muito claros com eles, todos jogos tem importância, mas clássico regional tem uma importância histórica. Nos últimos anos esse número incomoda. Espero uma boa vitória.

Hoje o CT já e Carlos Castilho ou ainda é Pedro Antônio?

Segundo informações de quem era do Conselho na época, e pessoas desse atual – que foi eleito por Abad. Não houve votação naquela época e sim uma reunião extraordinária onde se comunicou que o CT se chamaria Pedro Antonio. Eu fui pego de surpresa, o Conselho não é nosso. Não estamos trocando o nome, oficialmente nunca existiu. Foi colocado em votação e todos aceitaram. E já está valendo, referendada pelo Conselho Deliberativo, que é independente do clube. Eu fui convocado para fazer a apresentação. Ele tem poder de pedir impeachment, rever contas. Mas preciso frisar que não foi movimento da gestão Mário. E agora discutimos como faremos a homenagem para ele. Isso deveria ter sido debatido mais amplamente e entregar na mão do torcedor sobre a opinião dele.

ST!